Os emaranhados de fios nos postes da cidade foram assunto nesta terça-feira (21), mais uma vez, na Comissão de Urbanismo. Gerente regional da Celesc, o engenheiro mecânico Wagner Vogel explicou que a maior parte deles é das companhias telefônicas. Sem a cooperação dessas empresas, a Celesc, que tem 2 milhões de postes, levaria mil anos para organizar a bagunça, como determina uma resolução nacional.

“A quantidade de fios largados pela companhia telefônica é uma coisa absurda”, disse o presidente da comissão, Wilian Tonezi (Patriota), “cada pedido de instalação é feito um novo cabeamento, é um caos essa situação em Joinville”.

O gerente da Celesc apresentou aos vereadores um projeto-piloto de Jaraguá do Sul, distante 50 km de Joinville, que está criando uma associação de oito das 34 empresas de telecomunicação só para gerir a higienização dos postes. Os pedidos de limpeza serão atendidos por um call center.

O projeto resultou da união da Prefeitura, das empresas donas dos fios e do Ministério Público. O estopim foi a morte de um motociclista, em 2014, segundo Vogel, em razão dos emaranhados de fios, o que motivou uma ação civil pública do MP/SC.

“Uma vez tendo sucesso, a nossa intenção é que isso se propague para todo o estado”, disse o gerente da Celesc. Segundo ele, a companhia tentou licitar uma empresa para fiscalizar as redes de comunicação em Joinville e vai tentar de novo em até quatro meses.

O engenheiro Wagner Vogel, da Celesc, detalha a vereadores iniciativa já em andamento em Jaraguá do Sul

Contexto

Segundo o gerente, faltam regulação efetiva, regras claras, e falta de interesses dos órgãos federais encarregados de fiscalizar o cabeamento. Os postes são da Celesc, que os aluga para as empresas de telecomunicações. Sem autorização delas, a companhia não pode retirar fios ou fazer consertos — a não ser em casos de risco, e só pode notificá-las.

A convivência nos postes é regulamentada por uma resolução conjunta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A norma determina a limpeza de 2 mil pontos por ano. Sem cooperação, a Celesc, que faz mutirões de higienização, demoraria mil anos para cumprir a resolução.

“O problema é mundial, já que os cabos de telefonia estão dominando os postes porque estamos cada vez mais conectados”, afirmou Vogel.

Propositor do assunto na comissão, o vereador Brandel Junior (Podemos) disse que o problema não é só a poluição visual, mas os riscos de acidentes a motoristas e pedestres, por exemplo. Brandel lamentou que o projeto-piloto não tenha começado em Joinville, e afirmou que é preciso aumentar a fiscalização. “Então, que levemos esse assunto ao Ministério Público para termos uma solução”, cobrou.

Por sugestão de Wilian Tonezi, o gerente da Celesc comprometeu-se a manter os vereadores informados sobre o projeto-piloto de Jaraguá do Sul e a possibilidade de implantar algo semelhante em Joinville.