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Vereadores ouvem propostas sobre futuro da ETE Jarivatuba

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Um parque, um aterro de detritos de construção civil, uma área de conservação ambiental onde se possa observar pássaros, um centro de treinamento em saneamento básico. Talvez um pouco de tudo isso junto seja a resposta para o futuro da antiga Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Jarivatuba. Os vereadores da Comissão de Urbanismo ouviram na tarde desta terça-feira (16) representantes da Companhia Águas de Joinville (CAJ) sobre a proposta da empresa pública para a área.

A nova ETE está em pré-operação e atende a uma das principais reivindicações da comunidade da região, que era o fim do mau cheiro exalado pelas lagoas de aeração. Respondendo a uma pergunta do vereador Diego Machado (PSDB) sobre o mau odor na região, o munícipe Reinaldo Pscheidt Gonçalves disse que “hoje já não é mais [possível sentir o cheiro]”.

Pscheidt é morador do Adhemar Garcia e relatou que, mesmo morando a uma distância razoável da estação, podia sentir o cheiro, principalmente no verão, quando o vento o carregava para outras áreas da zona sul.

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Foi esse mau cheiro que deu origem a pelo menos 600 processos na Justiça, alguns ainda datados do período em que o serviço de saneamento era prestado pela Casan, explicou o atual presidente da CAJ, Giancarlo Schneider. Para resolver a situação, a empresa firmou um termo de ajustamento de conduta em 2013 que previa, dentre outras coisas, a construção da nova estação. Outra proposta do TAC era a construção de uma área de lazer na região.

Pscheidt aproveitou seu espaço de fala para pedir mais espaço para a manifestação da sociedade, e que as audiências promovidas pela empresa não se restrinjam ao bairro Jarivatuba, mas que incluam os moradores de Paranaguamirim, Ulysses Guimarães e Adhemar Garcia. Algo que os representantes da CAJ concordaram em realizar.

Também acompanharam a reunião os vereadores Neto Petters (Novo), Sidney Sabel (Democratas), Wilian Tonezi (Patriota), integrantes da Comissão de Urbanismo, e os parlamentares Brandel Junior (Podemos) e Henrique Deckmann (MDB).

Parque

A proposta do parque parece ser um dos pontos consensuais. No desenho apresentado pela empresa, haveria pista de skate, academias ao ar livre, quadras esportivas e pista para corrida e caminhada em uma área de mais de 100 mil m². O parque cobriria as quatro lagoas mais próximas do bairro Jarivatuba, mas isso dependeria de um aterramento, algo cujo impacto ambiental ainda está sendo analisado. A empresa contratada pela CAJ para fazer o estudo deve finalizar o trabalho até março do ano que vem.

A área do parque é uma porção relativamente pequena de terra de todo o imóvel da CAJ. A nova ETE teria um espaço para futuras ampliações e o terreno ficaria envolto por uma cobertura florestal. As demais lagoas ficariam previstas para futuras ampliações do parque.

Schneider enfatizou que não é possível dar prazos para a implantação do parque, porque os próximos passos dependem da finalização do estudo de impacto ambiental. O aterramento dessas lagoas poderia ser realizado com detritos de construção civil, e, neste caso, a companhia prevê a utilização dos materiais que sobrarem das obras da expansão da rede de esgoto em Joinville.

A aprovação da revisão do Marco Legal do Saneamento em 2020 previu a universalização do serviço. Em números, a lei exige pelo menos 90% das residências atendidas por coleta e tratamento de esgoto até 2033. Conforme a CAJ, esse percentual, em 2020, era de 40%.

Há 10 mil ligações de esgoto pendentes de análise ambiental que podem reforçar esses números nos próximos meses, explicou Schneider, ao responder a uma pergunta do vereador Neto Petters (Novo).

Ecoturismo

“Não gostaria de ver essas lagoas virarem aterro”, afirmou a representante do Clube de Observadores de Aves de Joinville (COA-Joinville), Débora Jung. Conforme dados apresentados por Débora, em Joinville há pelo menos 475 espécies de aves já fotografadas ou avistadas. E um “espaço especial” para a atividade de observação é a ETE Jarivatuba. Apenas ali, 141 espécies foram avistadas. Jung defendeu que a área pode ser integrada em uma perspectiva mais ampla de ecoturismo, como uma unidade de conservação.

Muitas dessas aves são migratórias e param na ETE para descansar ou fazer um lanchinho, não sendo nativas da mata atlântica, que cobre a região de Joinville. Conforme a gerente de Qualidade e Meio Ambiente da CAJ, a bióloga Claudia Rocha, “essa grande população de aves se deu de forma não natural”. A desativação das lagoas, explicou, resultará na falta de nutrientes e levará as aves a buscarem outros lugares para permanecerem.

Lençóis freáticos

Reinaldo Pscheidt também pediu atenção quanto ao depósito de detritos de construção civil para aterrar as lagoas para evitar possíveis contaminações dos lençóis freáticos. A equipe da CAJ disse que as atuais lagoas já foram construídas com uma estrutura que evita a contaminação (argila compactada), mas que para o atendimento de normas atuais, eventuais mudanças podem ser necessárias.

Outras propostas do munícipe foram a criação de rotas de integração entre o futuro parque e o Caieiras, à margem da lagoa do Saguaçu, e o uso de energia solar para o funcionamento da ETE.

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