Por um período de quatro dias de novembro, moradores de grande parte de Joinville estiveram sujeitos à falta d’água. Uma manutenção programada prevista para ser iniciada na madrugada do dia 17, um domingo, acabou se estendendo até o dia seguinte. O motivo? O rompimento da peça de uma adutora da ETA Cubatão para a qual a Companhia Águas de Joinville (CAJ) não possuía uma peça de reposição imediata, que teve de ser fabricada para esse fim.
Mesmo que a estação tenha voltado ao pleno funcionamento, a água só chegou a todas as torneiras de fato no dia 22. A situação motivou uma reunião da Comissão de Urbanismo realizada de forma extraordinária nesta segunda-feira (2 de dezembro).
O vereador Wilian Tonezi (PL), que é o presidente do colegiado, fez uma série de questionamentos a representantes da empresa pública de saneamento, da Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (Aris) e do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC).
A principal dúvida do parlamentar era sobre os meios que cidadãos afetados com a falta d’água teriam para obter ressarcimento pelos danos que o desabastecimento causou.
Representantes da CAJ afirmaram que a própria empresa possui meios para que eventuais afetados possam solicitar indenização. Processos desse tipo são avaliados internamente pela Águas.
Tonezi também exigiu informações sobre o plano de contingência que a CAJ tinha para situações como a que ocorreu. Conforme a diretora operacional da CAJ, a engenheira sanitarista Janine Smania Alano, a empresa possui dois contratos de manutenção da rede de água, e ambos preveem que as empresas devem fornecer caminhões-pipa no caso de imprevistos. Caso esses não sejam suficientes, a empresa contrata outros de maneira emergencial.
No início, a Águas estava trabalhando com quatro caminhões-pipa, mas até a normalização do abastecimento, outros seis entraram em ação. Esses veículos atendiam em escala de prioridade. Unidades de saúde primeiro, a seguir as de educação e demais serviços públicos e, depois, a população em geral. No entanto, os caminhões-pipa também encontravam dificuldades para o abastecimento: deslocamento até hidrantes abastecidos, caixas d’água de difícil acesso, entre outras questões.
Comunicação
O coordenador jurídico da Aris, o advogado Magnus Caramori, explicou que a CAJ comunicou o processo de manutenção de maneira adequada, dentro das normas previstas. A agência recebeu a informação no dia 13 de novembro, conforme ele, e a Prefeitura divulgou, por meio da Secretaria de Comunicação, a informação para toda a cidade ainda no dia 15, já prevendo a possibilidade de possíveis interrupções no abastecimento dos bairros servidos pela rede de água da ETA Cubatão. Caramori ainda observou que a agência está analisando o episódio e que o processo pode resultar em notificação ou não, a depender dos próximos passos da investigação.
Desenrolar dos acontecimentos da falta d’água
Início da Manutenção (17/11/2024, domingo)
Parada de abastecimento programada às 4h30 para manutenção preventiva, com impacto esperado no abastecimento de 37 bairros em Joinville e a realização de melhorias em vários pontos da rede, de reservatórios e do sistema de bombeamento. Descobriu-se a necessidade da manutenção de uma adutora de 900 mm, exigindo a encomenda de uma peça exclusiva para conserto.
Prolongamento da Manutenção (18/11/2024, segunda-feira)
A religação do abastecimento foi ao meio-dia. A normalização se deu de forma mais rápida em bairros próximos à estação do Cubatão. A Prefeitura recomendou à população afetada a adoção de uso consciente de água para acelerar a recuperação. Aulas foram suspensas nas escolas e CEIs desabastecidos até o feriado de 20 de novembro. Houve a distribuição de 600 mil litros de água via caminhões-pipa para hospitais e unidades de saúde.
Situações Residuais (19 a 22/11/2024, terça a sexta-feira)
A empresa identificou instabilidades em pontos altos ou distantes (ex.: ruas do Costa e Silva, Boa Vista e Espinheiros) e continuou o monitoramento e suporte através do telefone 115. O retorno ao abastecimento pleno foi anunciado no dia 21/11/2024, embora alguns casos mais específicos ainda possam ter persistido. Uso consciente da água durante e após a normalização.