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Fórum Municipal da Pessoa com Deficiência recebe psicóloga especializada em educação especial

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Fórum PCD Mariana Gonzaga

No segundo dia do Fórum Municipal da Pessoa com Deficiência: Desafios e Panorama Sobre Autismo, a Câmara de Vereadores de Joinville recebeu a psicóloga Mariana Gonzaga, especialista em educação especial, para ministrar uma palestra sobre “Transtorno do espectro autista (TEA) e suas características”.

O vereador Brandel Junior (Podemos) abriu o fórum e agradeceu a presença dos palestrantes, professores, pais, alunos e instituições envolvidas na organização do evento. “Os assuntos abordados são de extrema importância, não só para Joinville, mas também para o nosso estado e país. É dessa forma que vamos construir uma cidade melhor para todos”, declarou.

Em seguida, a psicóloga Mariana Gonzaga foi convidada a iniciar o ciclo de palestras programadas. Entre os principais assuntos abordados por ela, os que receberam destaque foram: as alterações na comunicação social; a presença de comportamentos estereotipados e repetitivos; os níveis de suporte para pessoas diagnosticadas com TEA; os sintomas mais comuns que elas apresentam; a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), direitos, acesso e participação no ensino; análise do comportamento aplicado (terapia ABA); o retrato situacional, entre outros.

Gonzaga é graduada em psicologia, mestre em educação e doutora em educação especial. Atua desde 2008 na área da psicologia escolar e análise de comportamento aplicada. É escritora, co-autora e autora de vários livros voltados às pessoas com TEA.

Formas diferentes

De acordo com a psicóloga, as principais características de pessoas diagnosticadas com TEA é a alteração na comunicação social e a presença de comportamentos estereotipados e repetitivos. Ela explica que o TEA se manifesta de formas diferentes e que não é possível medir ou igualar determinados comportamentos.

Mariana cita que existem casos de pessoas com TEA que conseguem manter um diálogo e expor ideias. No entanto, também há casos em que elas não conseguem ter essa capacidade e precisam de um recurso de comunicação alternativa aumentativa para conversar.

“Todas as pessoas têm potenciais e dificuldades, não dá para ser medido ou igualado. Nesse sentido,o TEA se apresenta de forma muito diversa. Cada um reage de uma forma. Enquanto um tem facilidade para se comunicar, o outro pode ser mais retraído. Um pode apresentar estereotipias (sequência de movimentos), enquanto o outro não”, esclarece.

Além dessas principais características, as pessoas com TEA também podem apresentar alterações sensoriais e alterações na aprendizagem. Nesse sentido elas podem ser hipo-sensíveis ou hiper-sensíveis. O que significa que elas processam os estímulos de formas diferentes.

Pessoas com hipossensibilidade apresentam alterações no aparelho vestibular. Por isso repetem movimentos para diminuir uma sensação de desconforto. Já nos casos de hipersensibilidade, elas apresentam dificuldades de processamento desses estímulos, que podem afetar todos os sentidos.

Processo educacional

Mariana diz que, no caso de alterações na aprendizagem, um dos fatores recorrentes que prejudicam esse processo é o padrão educacional. Apenas 6% dos alunos com TEA apresentam uma trajetória escolar completa. Outros 59% não conseguem permanecer na escola durante o horário previsto.

Mariana conta que um tipo de retrato situacional que é muito desfavorável é quando a criança com TEA faz muitas atividades individuais sem um planejamento. Por isso, o processo educacional precisa ser analisado conforme o perfil de cada criança que tem esse tipo de transtorno.

“Eu sei que isso acontece muitas vezes devido a dificuldade de comportamento, mas é justamente aí que precisamos trabalhar”, enfatiza.

Características

De acordo com a especialista em educação especial, entre as características mais comuns de Transtorno do Espectro Autista estão:

  • dificuldade em levar em conta o que outras pessoas sabem ou não sabem;
  • dificuldade em lidar com amigos, porque não interpretam intenções e respostas;
  • dificuldade em identificar o nível de interesse do outro na conversa;
  • dificuldade em compreender o que o outro quis dizer;
  • dificuldade em compreender regras implícitas na sociedade;
  • dificuldade de entender piadas, ironias, duplo sentido, trocadilhos.

Níveis de suporte

Já em relação aos níveis de suporte do TEA, são classificados da seguinte forma:

Nível 1 — Leve — É aquela pessoa que precisa de apoio em algum momento da vida, mas que não precisa de apoio substancial e nem em todas as áreas da vida social, como trabalho, escola, relação com a família, etc.

Nível 2 — Moderado — É aquela pessoa que precisa de ajuda em uma ou várias áreas da vida pessoal e/ou social.

Nível 3 — Apoio Severo — Nesse caso a pessoa precisa de apoio intenso em todas as áreas da vida. Tem a ver com o nível de funcionalidade, o quão o comportamento adaptativo está presente para que a pessoa possa viver em sociedade de forma saudável.

No entanto, ela destaca que os níveis podem avançar, assim como podem regredir. “Os níveis são para orientar a intervenção profissional, para escrever nos laudos e não para aplicar sentenças”, conclui.

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