Líderes comunitários e moradores do bairro Adhemar Garcia vieram nesta terça-feira (28) à audiência pública organizada pela Comissão de Educação, sobre as condições estruturais e a programação cultural do Parque São Francisco, e pediram a revitalização urgente daquele equipamento público.
Inaugurado em 30 de novembro de 2014, o Parque São Francisco está localizado entre a avenida Alvino Hansen e a rua Benício Felipe da Silva, no bairro Adhemar Garcia, em uma área de aproximadamente 23 mil m². Foi construído à época com investimento de R$ 1,7 milhão, valor financiado pelo Fundo Financeiro de Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).
Américo Cipriano é o atual presidente da Associação de Moradores do Bairro Adhemar Garcia. Ele foi o primeiro a falar na audiência e disse que o parque está sem condições de uso. “Os brinquedos estão uma vergonha. Área de lazer quebrada, enferrujada. O que é de madeira está podre pela ação do tempo”, relatou o líder comunitário.
Reinaldo Pscheidt Gonçalves é presidente do Conselho Local de Saúde e líder do grupo de articulação da associação de moradores. Ele seguiu enumerando os problemas estruturais do parque: drenagem deficitária nas quadras de vôlei e futebol suíço, quadras de futsal e de basquete sem condições de uso, espaço da terceira idade com equipamentos construídos com materiais de terceira linha (segundo suas palavras), falta de bebedouros e banheiros adequados, falta de segurança, principalmente à noite.
Francisca do Nascimento Scherdeng é vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Adhemar Garcia. Ela disse que “os moradores vivem uma angústia muito grande com a situação do parque”, referindo-se especialmente à insegurança causada pelos usuários de drogas que frequentam o local à noite. “Tem gente que já abandonou [o parque], não vai mais, porque se sente ameaçado. Precisamos de ação concreta. Não adianta ficarmos aqui conversando, conversando, e as coisas não acontecerem”, alegou.
O gerente de parques, praças e rearborização pública da Prefeitura, Deivid Rodrigo Corrêa, alegou que a pandemia de covid-19 atrasou em dois anos a manutenção do Parque São Francisco. Lembrou, todavia, que, em maio do ano passado, foi feito um mutirão de melhoria enquanto uma licitação para compra de materiais e equipamentos era tocada na sede da Prefeitura. Desde então, admitiu, tem havido dificuldades administrativas (no que se refere às licitações) para atender a toda a demanda de recuperação, que deve consumir algo em torno de R$ 200 mil.
Audiência Pública EducaçãoProgramação cultural
A diretora-executiva da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), Francine Olsen, decepcionou os vereadores, em especial o presidente da Comissão de Educação, Brandel Junior (Podemos), proponente da discussão. Ela admitiu que não há naquela pasta uma programação cultural para ocupação de parques e praças de Joinville, com shows de bandas, exposições artísticas, feiras de artesanato, peças de teatro, grupos de dança e outras manifestações populares.
Francine Olsen disse que a Secult “incentiva produtores culturais a ocuparem praças e parques com seus espetáculos”, mas que não há nenhum calendário promovido por iniciativa da secretaria.
“Desculpe, mas já estamos no terceiro ano da atual gestão. Já deu tempo de planejar e executar algo neste sentido”, advertiu Brandel Junior.
A vereadora Ana Lucia (PT) disse que esteve no Parque São Francisco na semana passada e que “ficou muito triste com a situação do local”. Para ela, não dá para colocar a culpa apenas na comunidade. “Tem de haver alguém do poder público constantemente para fazer a manutenção”, advertiu.
O vereador Lucas Souza (PDT) usou a Feira do Itaum como exemplo de iniciativa que poderia “resgatar” para a comunidade do Adhemar Garcia o Parque São Francisco. “A gente sabe, Deivid, o fardo que tens passado para cuidar das nossas praças. Mas o Parque São Francisco é o único da zona sul e merece uma atenção especial”, declarou, dirigindo-se ao gerente de parques, praças e rearborização pública da Prefeitura.
Érico Vinícius (Novo) se disse surpreso com a falta de retorno aos pedidos de melhorias feitos por Reinaldo Pscheidt Gonçalves junto à Prefeitura. O vereador, que já foi líder do governo Adriano na CVJ, argumentou que o fato de o município absorver o atendimento de saúde de média e alta complexidades no Hospital Municipal São José — com sete especialidades reconhecidas de excelência nacionalmente — dificulta, muitas vezes, a alocação de recursos em áreas de menor prioridade administrativa.
Para encerrar, Brandel Junior disse que os vereadores vão cobrar da Prefeitura soluções. Acrescentou, ainda, que sabe das dificuldades financeiras e burocráticas das licitações, razão pela qual “a cobrança será no sentido de incentivo e não de crítica gratuita”.