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Busscar e comissão podem chegar ao fim juntas; Falência extinguiria 4 mil empregos

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Comissão da Busscar é presidida por Rioschi, ao centro, ladeado por Mariano (esq) e Dalonso (dir)

A A Comissão Especial criada para discutir a crise na Busscar, montadora de carrocerias de ônibus inoperante há dois anos, chega ao fim em 26 de agosto. Nesse dia, quando o relator da comissão apresentar seu texto, o destino da empresa estará definido. E a história pode terminar com falência. “Isso é o que está se desenhando”, disse o gestor do plano de recuperação, Agenor Daufenbach, em encontro com vereadores da comissão, nesta manhã.  Se o desenho virar realidade, quatro mil ex-funcionários terão de receber na Justiça suas indenizações trabalhistas.

O gestor, porém, ainda tem confiança na reestruturação da empresa. Há dinheiro, disse Daufenbach, o problema é a inconstância do recebimento. “O plano é viável, mas (uma empresa) é como uma casa: você precisa saber quanto vai receber para ter o orçamento sob controle”, disse o administrador, escolhido pelos credores.

A Busscar tem R$ 1,6 bilhão em dívidas, mais que o triplo do patrimônio de R$ 489 milhões, e nenhum interessado em emprestar dinheiro. Para voltar à operação, são necessários R$ 105 milhões.

Os bancos não confiam no plano, apresentado no mês passado. Os trabalhadores, tampouco. Os credores votarão o plano de recuperação em uma semana, no dia 19. Se o reprovarem, a Busscar fecha as portas de vez e precisará leiloar seus bens.

O presidente da comissão, vereador Levi Rioschi, ouviu em reunião com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, há duas semanas, que a falência pode ser bem-vinda. No Santander, a falta de disposição de investir na recuperação é igual.

“O plano de recuperação é muito ruim”, disse o advogado do Sindicato de Trabalhadores da Indústria Plástica de Joinville, Fábio Pereira. Se virarem sócios, os trabalhadores não teriam previsão de quando e como receberiam dividendos; se a Busscar falir, eles levariam anos para receber suas indenizações. “O processo de recebimento, aqui em Joinville, chega a demorar dez anos. E você não sabe se vai receber tudo ou se vai receber só uma parte”, explicou o advogado.

A montadora de ônibus, que já foi a segunda maior do país, ainda pode contar com parte de seus trabalhadores, observou o presidente da comissão, Levi Rioschi. Muitos concordaram em abrir mão de suas indenizações para investir na reestruturação da companhia.

O sindicalista Silvo de Souza teme as consequências da falência sobre a Tecnofibras, braço saudável da Busscar. A empresa está avaliada em R$ 73 milhões e, em caso de falência, será vendida. Cerca de 300 trabalhadores foram demitidos e ainda esperam o acerto de contas.

O relator da comissão, vereador Adilson Mariano, chamou de “absurda” a negativa de empréstimo do BNDES, um banco estatal. “O BNDES é um banco público, que, em tese, tem como princípio a questão do desenvolvimento econômico, mas com aspecto social”, ponderou Mariano. “Ver um parque fabril desse se deteriorando e todos os trabalhadores parados, e o banco dizer que não tem nada a ver, que não tem sentimentos, que aquilo ali não é viável, é lamentável”.

Para Mariano, o governo sabia dos problemas e poderia ter previsto o fechamento dessa e de outras fábricas, como a metalúrgica Duque. Ele lamenta que os trabalhadores não tenham conseguido o controle da montadora, como ocorreu em outras empresas da cidade à beira da falência.

A crise na Busscar começou por problemas internos em 2002. A primeira comissão da Câmara a tratar do assunto foi criada um ano depois, em 2003. A companhia levou um tombo maior em 2008, com a crise internacional, e a Câmara voltou a debater o tema em 2011. A atual Comissão da Busscar foi instalada em maio.

Os vereadores Cláudio Aragão e Fábio Dalonso integraram também a comissão. Ela será extinta em 26 de agosto, quando encerra-se o prazo regimental de 60 dias para sua existência, com apresentação de texto final do relator.

O plano de recuperação da Busscar será votado na próxima terça-feira, dia 19, às 14h, no Centreventos Cau Hansen.

Foto de Sabrina Seibel

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