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Memória: 70 anos da volta das eleições diretas

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Reprodução de 'santinho' da candidatura de Adhemar Garcia, eleito vereador em 1947

Fernando KrellingJoinville completa, neste ano, 70 anos da volta das eleições diretas para vereador, após quase uma década de ditatura de Getúlio Vargas, que calou as Câmaras Municipais de todo o País.

Em 22 de dezembro de 1947, dois anos depois do fim do Estado Novo de Vargas, foi empossada na Câmara de Vereadores de Joinville a 1ª legislatura pós-ditadura varguista.

É a partir desse dia que contamos as legislaturas da CVJ, até chegar à atual, a 18ª.

Durante o Estado Novo (1933 a 1945), os vereadores saem de cena para dar lugar a conselheiros escolhidos diretamente pelo prefeito ou pelo interventor do Estado.

O Congresso Nacional também é fechado. Uma nova Constituição Federal passa a vigorar, em 1937, dando amplos poderes a Vargas, sob pretexto de promover a “paz política e social”.

 

Com a queda de Getúlio, a redemocratização reabre as urnas, em 1945, e o Brasil volta a escolher presidente, governadores, deputados e senadores. No fim de 1947, as Câmaras retomam as votações diretas. Joinville tem, nessa época, 11.578 eleitores.

O empresário Rolf João Max Colin preside a 1º legislatura da nova democracia, ao lado de outros 12 vereadores: Adhemar Garcia, Afonso Jahn, Albano Schulz, Alfredo Zimermann, David Ernesto de Oliveira, Francisco Eberhardt, Frederico Trapp, Gustavo Schossland, Henrique Meyer Júnior, Levino Dressel, Plácido Olympio de Oliveira, e Rodrigo de Oliveira Lobo.

A 1ª campanha

Nos arquivos do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, vestígios da primeira campanha política. Adhemar Garcia e outros candidatos do Partido Social Democrático, responderam à Justiça, em processo de rivais, porque o material de campanha trazia “para vereador, vote…”, no singular – e não no plural, como se entedia ser correto.

A cor das cédulas também incomodou candidatos. Para o Partido Social Democrático, o papel das cédulas da União Democrática Nacional era de “côr crême” (com o acento circunflexo da ortografia da época), e não branco da “côr da néve”, como pediam as regras. A diferença, diziam os políticos, facilitava identificar em que partido o eleitor tinha votado, quebrando o sigilo do pleito.

3% de mulheres

Os eleitores de Joinville só abririam espaço para uma mulher na Câmara em 1955, com a eleição de Matilde Amin Ghanem, na 3ª legislatura. A eleição de mulheres para o legislativo local se tornou frequente em 1997, quando pelo menos uma mulher passou a ser eleita a cada quatro anos, sem interrupção.

Desde Matilde até Pastora Léia, na 17ª legislatura, dez mulheres se tornaram vereadoras na cidade. O número representa pouco mais de 3% das mais de 300 vagas oferecidas pela Câmara desde 1947.

Em 2015, Joinville tinha 10,5% de mulheres no legislativo, contra 27,9% da média para a América Latina no poder legislativo nacional, segundo informações do Banco Mundial. A média joinvilense, a mesma de 2017, é inferior à do Oriente Médio (16%).

 

Texto: Jornalismo CVJ, por Carlos Henrique Braga. Edição: Jeferson dos Santos. 

Fontes históricas:

Livro “Legislativo de Joinville – subsídios para sua história”, de Apolinário Ternes e Herculano Vicenzi, disponível na biblioteca da Escola do Legislativo da CVJ.

Centro de memória do TRE-SC, em https://www.tre-sc.jus.br/site/institucional/centro-de-memoria/centro-de-memoria-des-adao-bernardes/index.html.

Site CVJ, em https://www.cvj.sc.gov.br/legislaturas-passadas.

Site do Senado Nacional, em https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/09/com-golpe-dado-por-getulio-brasil-ficou-nove-anos-sem-senado.

Constituição Federal de 1937, em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm.

 

 

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