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Mirins aprendem sobre a cultura indígena com o cacique Werá

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Câmara de Vereadores de Joinville

Foto Mauro Arthur Schlieck

Quando crianças, muitos de nós fizemos apenas desenhos nas proximidades do dia 19 de abril, o Dia do Índio. Porém, os vereadores mirins tiveram nesta segunda-feira (29) uma aula muito mais vívida. A partir de requerimento apresentado pela vereadora mirim Laura Caroline Motta, o cacique Werá, da terra indígena Tarumã, de Araquari, conversou com eles e com um grupo de quase 60 alunos de escolas municipais sobre como são as crianças indígenas, sobre as relações entre indígenas e não-indígenas e sobre educação.

Werá é o atual presidente da Comissão Nhemonguetá, que reúne caciques das terras indígenas do povo guarani no litoral de Santa Catarina. O povo guarani, explicou o cacique aos mirins, está presente há dois mil anos na faixa litorânea que vai do Espírito Santo à Argentina, no que se chama de Corredor Guarani.

Werá pontuou a importância de estar no Poder Legislativo, observando que “é a primeira vez que essa Casa, nesse município, é aberta para ser colocada a situação dos povos indígenas, seus direitos, seus deveres e sua existência dentro da sociedade. É a primeira vez que esta Casa é aberta para se ouvir a história dos povos indígenas pelos indígenas”.

Ele também apresentou aos estudantes, a maioria entre 14 e 15 anos, que o jovem indígena também tem sonhos e formas de analisar o mundo, como qualquer outro jovem. A diferença, pontuou o cacique, “está na forma de aprender esses conhecimentos, ou seja, a cultura”. Ainda nessa direção, o líder indígena explicou que “a sociedade indígena é uma sociedade como qualquer outra, com suas normas, suas organizações”.

Uma das principais reivindicações das comunidades guaranis do estado é a existência de uma escola própria dentro das aldeias, algo que nem sempre é assegurado. “O Estado brasileiro não atende as nossas expectativas, conforme os nossos direitos estabelecidos na Constituição”.

“O fato de ter um carro ou um celular não faz que o índio deixe de ser índio”, explicou, “da mesma forma que vocês não deixam de ser o que vocês são quando comem em outro país”. Nesse sentido, Werá pediu que cada um dos estudantes possa ser um multiplicador desse entendimento. “Quando vocês virem um indígena na rua, numa aldeia ou em qualquer outra possibilidade, nunca maltrate, nunca veja como um ser de outro planeta”, pediu o cacique.

Em entrevista ao jornalismo da CVJ, o cacique ainda pontuou algumas outras reivindicações dos povos indígenas, como a necessidade de retomada do processo de demarcação de terras, o pedido para que o atendimento à saúde dos indígenas não seja municipalizado e o pedido para que, nos currículos escolares, a língua guarani não seja tratada como língua estrangeira, tendo espaço menor.

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