Pensando no Dia Internacional de Combate ao Racismo, amanhã, a Comissão de Educação realizou nesta segunda-feira (20) um debate sobre educação antirracista. Promovido pela primeira vereadora negra de Joinville, Ana Lucia Martins (PT), o plenarinho da CVJ recebeu professoras da Escola Municipal Monsenhor Sebastião Scarzello para apresentar o projeto “Seu olhar melhora o meu”.
Em vigor desde 2003 e abordada durante a discussão, a Lei Federal nº 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas de ensinos fundamental e médio, públicas e particulares. Mas, para a vereadora, nem todos os professores seguem essa lei e fazem da prática pedagógica uma prática antirracista.
De acordo com ela, a discussão é necessária para que futuramente o assunto seja discutido sem a necessidade de uma lei que obrigue essa conversa. “Precisamos disso para que os direitos iguais sejam exercidos, para que o ato de reconhecer o outro e sua história seja algo natural”, completou.
Referente à educação antirracista, a Sebastião Scarzello é considerada escola pioneira em Joinville. A unidade de ensino tornou o combate ao racismo pilar do plano pedagógico em 2020, com o projeto “Seu olhar melhora o meu”.
A iniciativa introduziu debate, discussão e práticas educativas que reconhecem e valorizam a comunidade negra. Os professores trabalham a inclusão com representatividade, trazendo figuras, artes, livros e brinquedos que destacam crianças e figuras negras, o que gera nos alunos uma sensação de pertencimento.
Transformação
Não é apenas no combate ao racismo que a escola se destaca. Desde 2018 a Sebastião Scarzello atua com o ensino bilíngue, lecionando português e Língua Brasileira de Sinais (Libras), contando com 32 alunos surdos matriculados. Conta a diretora Ilma Alves que o desejo era transformar a escola em um ambiente que enxerga a criança como um todo.
Josiane Santana, uma das professoras da escola, ressaltou que o “Seu olhar melhora o meu” transforma a vida do aluno para sempre. “Nós queremos que as nossas crianças nunca mais aceitem os currículos escolares formatados da forma tradicional”, afirmou. “A ideia é que elas questionem sempre esse currículo, para que não seja contada uma única história e todos os olhares sejam melhorados.”
A apresentação deste projeto serviu para inspirar e mostrar que é possível e necessário que outras escolas trabalhem as práticas antirracistas como parte do ensino, para que, assim, todos os alunos se sintam representados.
O vereador e presidente da comissão, Brandel Junior (Podemos), parabenizou os responsáveis da escola pelo trabalho e reforçou a importância de trazer a representatividade para as crianças negras. “Quando se tem esse olhar para o próximo, aquele que era invisível torna-se visível”.