A mensagem do Poder Executivo com o projeto de lei que cria a Comissão Municipal da Verdade (CMV) deve chegar à Câmara em dois dias. A Procuradoria Geral do Município está encarregada de dar os encaminhamentos oficiais. Hoje (9), os vereadores membros da Comissão de Participação Popular e Cidadania entregaram ao prefeito Udo Döhler a minuta do projeto de lei preparada na reunião da CPPC da quarta-feira passada.
Acompanhados de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Brás (CDH), James Schroeder, Adilson Mariano, Rodrigo Fachini e Dorval Pretti apresentaram a estrutura da CMV ao prefeito. A ideia principal, conforme apontado pelo presidente da CPPC, James Schroeder, é que “os alunos do ensino fundamental e médio que não conhecem a história do período da ditadura militar em Joinville possam ter a contribuição das pessoas que viveram no período”.
Irma Kniess, representante do CDH na reunião, diz que não se pode demorar mais para resgatar essas histórias, que fazem já 50 anos. Schroeder lembrou que esse espaço de tempo acaba gerando uma situação em que as histórias são conhecidas não da fonte direta, mas pelas memórias de filhos e netos, como as que foram mencionadas na audiência pública da Comissão Estadual da Verdade, ocorrida na última quarta-feira, na Câmara, para apurar os casos do norte do estado.
Fachini mencionou que o regime teve repercussões até na Câmara, como o caso de Ulisses Tavares Lopes, que foi cassado durante a ditadura. Adilson Mariano propôs que se discuta uma devolução de mandato simbólica ao ex-parlamentar. Udo sugeriu que Ulisses seja um dos primeiros ouvidos pela CMV. Além disso, o prefeito considerou que o número de membros é o ideal e não propôs alterações à minuta.
Conforme números do CDH, há 69 casos registrados de detenções na cidade.
O desafio de Udo
Udo desafiou os presentes na reunião a responder qual dos prefeitos joinvilenses foi detido durante o regime. Mencionaram Pedro Ivo Campos, Luiz Henrique da Silveira e Nilson Bender, ao que Udo levantava o dedo indicador e o balançava para os lados, em sinal negativo. A resposta dele foi: “O atual”.
O prefeito então contou que durante o período em que cursou Direito na PUC-PR, em Curitiba, exerceu o cargo de tesoureiro da União Paranaense de Estudantes (UPE), função em razão da qual foi detido durante um dia, em 1966. Ele e toda a diretoria da entidade estudantil foram levados a Paranaguá na ocasião.