Vereadores da Comissão de Saúde da Câmara estiveram nesta segunda-feira (13) na Secretaria Municipal de Saúde. Eles questionaram as ações da pasta para acabar com as filas de espera por atendimento que estão se formando nas madrugadas em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os parlamentares foram recebidos pela equipe do secretário Andrei Kolaceke.
“As pessoas já têm problemas de saúde e ainda tem de esperar na fila?”, indagou o secretário da Comissão de Saúde, Brandel Júnior (Podemos). Segundo o vereador, há usuários na porta de algumas UBS desde as 5h. A espera acontece em bairros como Aventureiro.
“É uma realidade que estava há tempos superada e que agora retornou com aquilo que ficou reprimido na pandemia”, afirmou o presidente da comissão, Henrique Deckmann (MDB). “E é importante lembrar que temos muito mais gente sem planos de saúde”, acrescentou.
As filas são causadas por vários motivos, segundo o secretário de Saúde. O primeiro é que os serviços de atenção primária são muito demandados, o que se intensificou por conta da pandemia de covid-19. Só no ano passado, foram feitas 900 mil consultas médicas.
Outro aspecto da fila é “cultural”, já que as pessoas tendem a chegar mais cedo para garantir o atendimento, mesmo com horário marcado, conforme Kolaceke. Há doentes crônicos e outros casos que não são de demanda espontânea que não deveriam estar na fila da UBS, já que poderiam ter agendado a consulta.
A segunda-feira é historicamente o dia de pico no sistema de saúde, o que pode provocar a espera. Isso acontece por vários motivos. Um deles é evitar médicos aos finais de semana.
Além disso, em razão da pandemia, a estratégia de saúde da família está sendo reestruturada. “O vínculo que levou mais de 20 anos para ser formado [com as equipes de estratégia de saúde da família] caiu por terra”, disse o secretário.
Também incomodam a secretaria e provocam aumento das filas as faltas às consultas médicas e de enfermagem. No mês passado, 16,4% dos usuários faltaram, o que representa mais de 12 mil pessoas.
A secretaria calcula que seis meses de faltas custam aos cofres do município R$ 10,8 milhões. Um percentual aceitável de absenteísmo seria de 7% a 10%. Em bairros como o Morro do Amaral, no entanto, ele chega a 27%. A secretaria está criando um “faltômetro” para exibir no site e nas redes sociais.
O que será feito
“As políticas públicas [para diminuição das filas] já existem, a questão está na articulação dos diversos serviços”, explicou Deckmann, presidente da Comissão de Saúde. O vereador refere-se ao arsenal de ações que a secretaria vai usar para evitar o surgimento de filas.
Entre eles estão o estabelecimento do serviço de telemedicina (com 20 mil consultas por mês), a terceirização dos recepcionistas das unidades básicas e a criação de um aplicativo de celular para agendamento de consultas.
O aplicativo será usado em fase experimental na UBS do bairro Comasa. Serão disponibilizadas no app 20% das vagas da unidade, num primeiro momento, até que os usuários se familiarizem com a tecnologia. O município reserva vagas fora do aplicativo também porque entende que nem todos têm acesso a um smartphone ou dominam essa tecnologia.
Outro remédio para o fim das filas é reestruturar o serviço de saúde bucal. A médio prazo, o município deve fazer convênios com faculdades para aumentar o número de vagas no serviço odontológico.
Nova recepção
A orientação aos usuários feita na recepção das UBS é um dos pontos fracos do sistema municipal de saúde e leva ainda mais gente para as filas por falta de informação adequada. Segundo pesquisa interna de satisfação, 19,5% dos 500 usuários ouvidos achavam que a recepção era ruim. A secretaria deve substituir, em breve, os agentes comunitários de saúde por recepcionistas terceirizados.
Participaram da reunião na secretaria os vereadores Kiko do Restaurante (PSD) e Neto Petters (Novo).