Em uma reunião extensa na tarde desta terça-feira (7), os vereadores da Comissão de Educação se reuniram para ouvir o secretário da pasta no município, Diego Calegari, sobre o andamento da contratação de auxiliares de educador para a rede municipal de ensino. Um grupo de mais de 20 mães e pais de autistas acompanhou a reunião e externou preocupação com a garantia da presença de profissionais que possam desenvolver as atividades escolares com seus filhos. A reunião foi proposta pelo presidente da Comissão de Educação, vereador Brandel Junior (Podemos).
O cargo de auxiliar de educador consiste em acompanhar alunos com deficiência ou com condições especiais que tenham dificuldades na execução de atividades escolares. Conforme Calegari, já havia dez anos que o cargo era suprido por meio de processos seletivos que resultavam em contratos temporários de um ano, prorrogáveis por mais um. Quando o contrato vencia, o profissional precisava aguardar um novo processo seletivo para voltar à atividade na rede municipal.
Esse lapso de tempo entre os processos seletivos prejudicou a continuidade do atendimento a alguns estudantes que passavam a contar com o acompanhamento apenas semanas após o início das aulas, em razão do tempo necessário para a realização da contratação. A falta de continuidade foi uma das razões que motivou a secretaria a incluir a categoria de auxiliar de educador no mais recente concurso público. As 80 vagas criadas, entretanto, ainda vão ser preenchidas e, ainda assim, os profissionais não irão direto para as escolas, tendo de passar por treinamento e preparação antes, conforme anúncio de Calegari.
As informações, no entanto, não foram bem recebidas pelas mães presentes, que afirmaram que falta planejamento à Prefeitura. Marislei Izabel Richter, por exemplo, tem uma filha de 12 anos e afirmou que “não aceita” que se fale em déficit financeiro ou em falta de profissionais para serem contratados. Para a enfermeira, há muitos profissionais com formação em pedagogia que poderiam assumir a função de forma a melhorar a inclusão dos estudantes com autismo ou outras condições.
Números
Conforme Calegari, na rede municipal há 3.605 crianças que têm algum tipo de atendimento educacional especializado, isso em um universo de cerca de 75 mil estudantes. O número corresponde a 4,8% dos alunos da rede pública municipal.
O diretor-executivo da Secretaria de Gestão de Pessoas, Adriano Selhorst Barbosa, acompanhou Calegari e trouxe números sobre o estado atual das contratações dos profissionais.
- Em 2019, eram cerca de 820 auxiliares de educador;
- Já em 2020, o número estava na casa dos 900;
- No ano seguinte, 2021, Adriano precisou o número em 887;
- Ao longo do ano passado, 2022, ultrapassou a casa do milhar: 1.019;
- E, em março deste ano, 2023, já são 1.407 auxiliares na rede pública.
A maioria dessas contratações, no entanto, é via processo seletivo. Barbosa detalhou que, em janeiro, só para a pasta de Educação, foram contratados 800 profissionais. Desses, 340 são auxiliares de educador. “E só para preencher essas 340 vagas a gente convocou 700 pessoas inscritas no processo seletivo para auxiliar de educador”, afirmou Barbosa.
A vereadora Ana Lucia Martins (PT) aproveitou as menções aos números para questionar quantos auxiliares de educador ainda seriam necessários para cobrir a demanda atual. Conforme Barbosa, ainda estão em falta 120 profissionais, mas alertou que este número não é fixo. Em fevereiro, a demanda era por 110 profissionais. Entretanto, à medida que os diagnósticos são realizados, e mais crianças necessitem de atendimento, mais profissionais podem ser necessários.