Quando concluem o ensino fundamental, os estudantes do bairro Morro do Meio precisam se deslocar para outros bairros para prosseguir os estudos. A unidade mais próxima, a Escola de Ensino Básico Professora Antonia Alpaídes Cardoso dos Santos, fica no bairro Nova Brasília, a 2,5 km de distância da entrada do Morro do Meio.

Alpaídes é a melhor solução para o jovem do bairro que quiser fazer o ensino médio. Caso não haja vaga nessa escola, a primeira alternativa fica no bairro Vila Nova. Trata-se da Escola de Ensino Médio Bailarina Liselott Trinks, que fica a 6,5 km do Morro do Meio, em uma rota que pode somar mais de três horas de ida e volta de ônibus, tendo que atravessar a região central da cidade.

A situação motivou uma reunião da Comissão de Educação na terça-feira (30), em que se debateu a possibilidade de se construir uma escola voltada para o ensino médio no bairro. O vereador Pastor Ascendino Batista (PSD), que propôs a reunião, observou que há um imóvel do governo estadual destinado para essa finalidade.

O imóvel, de 8,5 mil m², está em uma localidade chamada de Jardim Êxodo, e se encontra ocupado de forma irregular desde 2015, conforme relato do vereador Brandel Junior (PL), que relatou que a ocupação se deu de forma muito rápida.

Representante da secretaria de educação do governo estadual na reunião, Luciane de Carvalho Bastos Grutzmacher explicou que a “invasão” já ocupa cerca de 80% do imóvel e que a faixa ainda disponível para o governo não teria condições de implantar uma escola.

Originalmente, o terreno era do município, mas o imóvel foi transferido para o governo estadual com a finalidade de se construir uma escola de ensino médio. Em um estudo de viabilidade feito mais ou menos nessa época, o governo do estado entendeu que não havia demanda suficiente para justificar as despesas com a construção e manutenção da escola.

Até 2017, o prédio da Escola Municipal Dr. Roberto Schmidlin abrigou a extensão de um curso de ensino médio oferecido pela Secretaria Estadual de Educação. Na ocasião, estudantes chegaram a organizar protestos contra o fim do curso na unidade, que funcionava à noite. Esses alunos tiveram que passar a estudar na escola Liselott, no Vila Nova, a 7 km de distância.

Grupo de trabalho

Brandel defendeu que a modalidade de oferta de extensão de ensino médio volte a acontecer e propôs que a Comissão de Educação envie ao governo estadual um documento propondo um grupo de trabalho para implementar a extensão. No entanto, o documento só deve ser aprovado na próxima reunião da Comissão de Educação, quando os demais vereadores membros da comissão, Alisson (Novo) e Ana Lucia Martins (PT), estiverem presentes. Ambos os parlamentares estavam ausentes por questões de saúde durante a reunião desta terça-feira.

Presidente da Associação de Moradores do Morro do Meio, Patrícia Cristina observou que a oferta de ensino médio colaboraria com a melhora da situação economico-social dos jovens da região. “Há jovens desistindo de estudar e ficando vulneráveis à criminalidade”, destaca.

Magali van Vessen, coordenadora do projeto Missão Morro do Meio (ação social da igreja luterana) classificou o encerramento da extensão do ensino médio em 2017 como “um retrocesso para o bairro”. Atualmente, há estudantes do bairro precisando se deslocar até o Anita Garibaldi. Vessen observou que o bairro está em crescimento e que nas escolas de ensino fundamental do bairro são quase 700 alunos e que cerca de 100 deles saem todos os anos para o ensino médio.

O Morro do Meio tem, conforme a projeção mais recente do caderno Joinville Cidade em Dados, aproximadamente 11,6 mil habitantes. A proposta de um conjunto habitacional que prevê a entrega de mais de 600 apartamentos no bairro deve ampliar esse número em pelo menos 2 mil. Ainda em fase de análise de estudo de impacto de vizinhança, a quantidade de pessoas pode ser importante para a decisão e foi observada pelo vereador Brandel.

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