Os problemas na saúde pública em Joinville são históricos e de difícil solução a curto e médio prazo considerando a demanda de fortes investimentos de recursos dos Governos Estadual e Federal, afirmou o médico Renato Castro, diretor do Hospital Regional (HR). A tese foi sendo reforçada na medida em que os gestores dos hospitais, pronto atendimentos, Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e Conselho Municipal de Saúde fizeram ampla exposição dos atendimentos nos respectivos estabelecimentos de saúde, das carências e deficiências do setor. O assunto foi tratado na reunião da Comissão de Saúde, Assistência e Previdência Social da Câmara de Vereadores de Joinville, na tarde de ontem, que teve a participação dos vereadores Adilson Mariano, Tânia Eberhardt, Roberto Bisoni e Odir Nunes.

Castro diz que Regional é ocioso

Castro disse que, “nada mudou nos últimos 10 anos”, e fez a comparação: o HR possui 237 leitos e faz 337 cirurgias/mês, “é muito insignificante o que se faz perto do que pode fazer, inclusive o hospital tem espaço para ampliar o número de leitos”, disse. Inclusive, segundo Castro, o Regional possui uma máquina de ressonância que produz bem abaixo do que poderia fazer por falta de médico especializado. Enquanto isso a SMS é obrigada a comprar exames da rede privada para atender a demanda existente. Além de faltar enfermeiros, técnicos em enfermagem e médicos, o hospital possui hoje um déficit mensal de R$ 3 milhões, que o diretor espera solucionar com o apoio do secretário Estadual de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira.

Perduram os antigos problemas no São José

Para o diretor do Hospital São José, médico Tomio Tomita, atualmente uma das lutas da direção é a conclusão do Complexo Emergencial Ulysses Guimarães. Para isso são necessários de recursos na ordem de R$ 8 milhões. Ele falou sobre o atraso de mais de 15 dias do término da reforma do 4º andar, com mais 40 leitos, que está dependendo de um aditivo que será pago com recursos do hospital e da Secretaria Municipal da Saúde. Como será preciso equipar e mobiliar o local, Tomio acredita que vai demorar para entregar o 4º andar. Outro problema que enfrenta o nosocômio é a grande demanda de pacientes de municípios que não possuem referência com a saúde pública de Joinville. O levantamento feito até outubro de 2010 somou 400 pacientes vindos de fora, até de Paranaguá (PR). Questão difícil para uma solução enfrentada pelo São José está no atendimento do pronto socorro onde, segundo o diretor, 60% dos pacientes não são casos emergenciais e sim na rede de Atenção Básica de Saúde, “nós atendemos, mas o custo torna-se alto para o hospital que atende entre 100 e 120 pacientes/dia”, resumiu.

Hospital Infantil pode fazer mais

Apenas 6.500 atendimentos são prestados mensalmente no Hospital Materno Infantil Doutor Jeser Amarante Faria que possui capacidade para fazer muito mais, porém, falta pactuação com outros municípios, informou o diretor, o médico Armando Lorga. Em 2010 foram feitos 75 mil atendimentos, “fazemos 50 nascimentos/mês quando eram esperados de 100 a 150, deixando equipes médicas ociosas”, disse Lorga. Ele revelou que atualmente o hospital já realiza, em pediatria, cirurgias cardíacas, neurológicas (tumores) e de coluna (único no Estado). O coordenador dos três PAs, Júlio Cesar Malschitzky relatou que o PA Sul é o mais procurado com a média de 18 mil atendimentos/mês, ou seja, cerca de 600 casos/dia, sendo que nas segundas-feiras pode chegar a 900 pacientes, “trata-se do dia do atestado”, informa. O PA Norte faz a média de 9 mil atendimentos/mês (300 casos/dia), enquanto o PA Leste atende a média de 6 mil pacientes/mês. Ele revelou que as unidades sofrem com a falta de médicos pediatras, “ainda assim em 2010 passaram pelos PAs 381 mil pessoas”, disse Malschitzky.

Diagnóstico de Adilson Mariano

A SMS informou que trabalha para que a população procure atendimento nos estabelecimentos de saúde adotando sempre o “protocolo de Manchester” (método de acolhimento ao cidadão e garantia de um melhor acesso aos serviços de urgência/emergência), como forma de racionalizar o atendimento de acordo com mal do paciente. Para aperfeiçoar os atendimentos na saúde pública de Joinville a SMS mantêm 671 agentes comunitários de saúde, 36 unidades Estratégia da Saúde da Família, 57 postos da rede de Atenção Básica de Saúde, além de disponibilizar 440 procedimentos na rede médica. A maior dificuldade enfrentada pela SMS hoje é a falta de médicos disponíveis no mercado para serem contratados. Para o presidente da Comissão de Saúde, vereador Adilson Mariano, após ouvir os usuários do sistema, em audiência pública, realizada na noite de quinta-feira, é que, juntamente com os demais integrantes da comissão, irá realizar um diagnóstico para propor medidas através do legislativo.

 

Sabemos que hoje são necessários recursos do Governo do Estado e Federal para estruturar os hospitais, ampliar a formação para contratação de médicos, criar meios para que os 60% de atendimentos que procuram os hospitais se dirijam à atenção básica, enfim promover mudanças para melhorar, enfatizou o parlamentar.

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