A contribuição da pesquisa na saúde pública, esse foi o tema da palestra do médico Anderson Gonçalves, durante o segundo dia do Fórum Regional A Saúde Tem Remédio. A necessidade de investimentos em pesquisas podem levar o setor público a fazer investimentos equivocados. Essa é a opinião do médico e professor da Univille. O que é apontado em vários estudos é que quanto maior os anos de escolaridade do cidadão menor o risco de morte. Para comprovar esse dado, Gonçalves apresentou uma estatística que mostra que o número de derrames na periferia de Joinville, onde o grau de escolaridade é menor, é maior do que em áreas em que o grau de escolaridade é maior. Ainda segundo o médico, mães que passaram mais tempo na escola têm menos propensão a ter filhos obesos. “Isso não é uma coincidência. Anos de informação te traz dados importantes para você entender que precisa melhorar sua alimentação”, explica o médico. Somente com esses dados, é possível perceber que a educação pode mudar o quadro da saúde no País.
O médico ainda apontou mudanças no quadro de doenças no Brasil nas últimas décadas. Doenças infecciosas matam muito menos hoje, a maioria das mortes hoje causadas por doenças cardiovasculares. O índice de morte por esse tipo de doença é mais elevado no Nordeste que no Sul. “Parece um dado negativo, e é, mas precisamos avaliar que antes no Nordeste as pessoas morriam mais de fome ou por infecção, aí a expectativa de vida cresceu e as pessoas acabam morrendo por doenças que aparecem na idade adulta”, explica. O fato das pessoas morrerem menos no Sul por doenças cardiovasculares prova que trabalhamos melhor a saúde preventiva. Mesmo com esses dados o médico reforça que o investimento em pesquisa é pífio. “No Brasil, não trabalhamos com dados concretos, mas com estimativas e isso é péssimo para a saúde. Sabemos pouquíssimo sobre o nosso Estado, sobre a nossa cidade”, argumenta o médico.
O médico ainda trouxe para a discussão o fato do presidente do País ser atendido em Hospital Particular. “Na Inglaterra o primeiro ministro usa o hospital público, porque se o ministro não pode ser atendido lá, isso é sinal de que nenhum cidadão daquele país deva ser tratado no sistema público”, polemizou Gonçalves.