A Comissão de Saúde da Câmara inspecionou hoje o Hospital Regional. A visita é uma resposta à organização de direitos humanos que o considerou inadequado para usuários e servidores. Vereadores e equipe técnica também ouviram dos médicos do São José que não há superbactéria no hospital, como a imprensa local informou.  Uma pessoa morreu. Outras dez têm a bactéria, mas não estão infectadas.

A comissão vai enviar pedidos de melhorias à Secretaria Estadual de Saúde, que administra o Hospital Regional. Em junho, a Câmara recebeu documento do Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz informando dez irregularidades.

Segundo o parecer da organização, que monitora a saúde pública em Joinville, o Hospital Regional não executou todo o orçamento do Plano Estadual de Saúde 2011-2015.

O hospital também desrespeita a legislação sanitária e trabalhista, de acordo com o documento, elaborado a partir de relatório do Conselho Municipal de Saúde, e “se tornou um local insalubre para usuários e servidores”.

Hoje, vereadores Maurícinho Soares e Sidney Sabel, presidente e 1º secretário da comissão, respectivamente, acompanhados de integrantes do Conselho Municipal de Saúde e do CDH Maria da Graça Bráz inspecionaram as instalações e equipamentos e conversaram com pacientes. O vereador Roberto Bisoni compõe a comissão.

Quebra-cabeças

O Regional é um quebra-cabeças de peças novas e velhas, que passa por reformas desde os anos 1980, quando foi inaugurado. O local mais crítico é o centro clínico, uma das “peças” mais deterioradas do hospital.

Há chuveiros sem aquecimento ou que demoram a esquentar. As portas e janelas parecem saídas de restos de demolição. Ventiladores precisam ser trazidos pela família dos pacientes. Aparelhos portáteis de ar condicionado são proibidos porque poderiam causar incêndios na frágil instalação elétrica do prédio.

Em contraste, alas recém-reformadas, como a infectologia, são como um “showroom” de instalações hospitalares, com portas brancas e modernas e área de descanso arborizada.

As obras atuais vão expandir esse modelo para outros setores, como o centro clínico e cirúrgico, mas não a ponto de transformar o HR em ideal.

“A reforma vai ser feita os poucos”, explicou o diretor geral do HR, Antonio Luiz Ponciano. “No serviço público, a resposta é mais lenta”, disse. “Manutenção é sempre um problema”.

“O certo seria desmanchar esse hospital e fazer um novo”, disse o presidente da Comissão de Saúde, vereador Mauricinho Soares. Ele reforçou que o problema é de estrutura, não de atendimento. “Vamos cobrar soluções do governador e da Secretaria de Saúde, que são eles que administram o Hospital Regional”.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Valmor João Machado, concorda. “A reforma é um paliativo. Há áreas que não estão contempladas na reforma. (…) O certo mesmo seria colocar o hospital abaixo e refazer do zero”, disse.

Bactérias no São José

Médicos do São José negaram à Comissão de Saúde a presença de “superbactéria” no hospital e disseram que mortes não foram causadas por surto, como a imprensa local tem informado. Apenas uma morte está relacionada à bactéria KPC, garantiram. Outros dez pacientes estão colonizados, mas não infectados, ou seja: eles têm a bactéria, mas não estão doentes por esse motivo.

A KPC é resistente a maioria dos antibióticos, mas não é “superbactéria”. Os primeiros casos foram observados em junho. Até o momento, 11 pessoas foram identificadas com a bactéria, uma morreu. As outras dez estão colonizadas, não infectadas, ressaltou a equipe médica.

Foto de Nilson Bastian

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