Os cerca de quatro mil trabalhadores desligados da Busscar devem passar anos à espera do dinheiro da indenização, lamentam vereadores da comissão da Câmara que tentou reanimar a empresa.

Ontem, credores rejeitaram o plano de recuperação da montadora, o que a deixa mais perto de fechar as portas de vez. Se a falência for decretada, os demitidos só receberiam os direitos trabalhistas depois da venda dos bens em leilão.

“O mais provável é que o trabalhador vai ficar no prejuízo, e receber a longo prazo”, comenta Adilson Mariano, vereador que fez o relatório da Comissão Especial da Busscar, encerrada no mês passado.

“É angustiante” passar por isso, diz o vereador Levi Rioschi, que presidiu a comissão. Ele trabalhou na empresa por seis anos e viu o começo do declínio daquela que foi a segunda maior montadora de ônibus do País.

Para Rioschi, é preciso adotar uma “tratativa diplomática” com o judiciário para dar rapidez ao pagamento dos trabalhadores.

“Todos os esforços foram feitos parta a empresa retomar atividades”, conta Rioschi. “A comissão tinha duas bandeiras: manutenção do direito dos trabalhadores e saúde financeira da companhia. Como isso não está ocorrendo, e lamentavelmente a falência está próxima, o que podemos fazer é pedir agilidade do poder judiciário, porque pagar os trabalhadores é uma coisa morosa”.

No texto final da comissão, Mariano cobrou revisão nas leis de falência para beneficiar o trabalhador.

“Não dá para deixar fechar, se deixar vira um cemitério de postos de trabalho”, adverte. Segundo ele, há interesse de compradores em potencial na demora dos leilões com objetivo de desvalorizar o parque fabril.

Parte dos demitidos já “tomou outro rumo”, diz Rioschi. Alguns se tornaram autônomos, outros trabalham na concorrência. No entanto, boa parte está desempregada e precisa do dinheiro, segundo o vereador.

Tentativas

A Câmara teve quatro comissões especiais para tratar da Busscar desde 2003. A última foi finalizada em agosto. No relatório, o vereador Adilson Mariano lamentou a fraca ação do governo federal no processo e a negativa de bancos em dar crédito para a recuperação da Busscar.  

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