A CVJ realizou nesta quarta-feira (22) uma audiência pública para debater o abastecimento de água em Joinville para as próximas décadas e para avaliar o que já foi realizado ou está em realização das ações propostas pela Carta de Joinville, elaborada na Câmara durante o Seminário Água: Os desafios para enfrentar a escassez em Joinville, realizado em março de 2015.

Um dos encaminhamentos feitos foi para a criação de uma comissão especial para verificação da implantação da Política Estadual de Recursos Hídricos. Os vereadores Fabio Dalonso (PSD) e Richard Harrison (PMDB) concordaram em apresentar a abertura da comissão.

Conforme o diretor técnico da Companhia Águas de Joinville (CAJ), Pedro Alacon, a norma estadual possui abrangência maior do que a prevista pela municipal, que se concentra no aspecto de abastecimento de água. Um estudo em nível estadual abrangeria também o uso de água para agricultura e indústria, disse.

O tema possui ligação com o temor de que possa ocorrer uma contaminação das águas por conta de eventual acidente com caminhão ou veículo que transporte carga química, óleo ou gasolina. A Assembleia Legislativa poderia proibir o transporte de cargas desse tipo na SC-418, muito próxima ao leito do rio Cubatão, fonte de água para 70% da área urbana.

A situação motivou a inclusão do item 17 na Carta de Joinville: “O Estado de Santa Catarina tem de proibir o tráfego de cargas tóxicas e aumentar a segurança da Rodovia SC-418 (Estrada Serra Dona Francisca), e também formular planos de contingência para prevenir a contaminação do Rio Cubatão em eventuais acidentes”.

Diretor-presidente da CAJ, Jalmei Duarte afirmou que um acontecimento como esse “pode ser remoto matematicamente, mas é muito sério se acontecer; pode deixar a cidade sem água por um bom período”.

Defendendo que a preservação da água é uma questão de soberania nacional, Dalonso manifestou preocupação citando casos extremos como a escassez de água que ocorre na Califórnia, onde cidades foram obrigadas a fazer cortes de 25% no uso da água, ou a situação do mar de Aral (no Cazaquistão), um lago do qual 90% passou a ser região desértica.

Água e zoneamento

As relações entre abastecimento e zoneamento apareceram com bastante constância durante a apresentação feita por Alacon. Tendo como horizonte possível a população estimada para Joinville em 2035 em dois cenários (um com 750 mil habitantes e outro 1 milhão), o estudo da CAJ prevê a tendência de “polarização logística ao Sul”.

No caso da zona sul, diz o estudo, “ocorrerão importantes intervenções estruturais devido ao impacto da consolidação de um eixo industrial e logístico que inclui Jaraguá do Sul, Guaramirim, Schroeder, Araquari e São Francisco, bem como da implantação do futuro campus regional da UFSC, além da instalação de fábricas como a GM e BMW”.

A tendência de adensamento (tanto populacional quanto industrial e comercial) conduz a uma maior necessidade de água. Na situação atual, o consumo de água na Zona Industrial Norte e nas regiões centrais é maior do que o residencial; enquanto um habitante consome entre 100 e 150 litros nas regiões mais periféricas, esse consumo na região mais industrializada está entre 201 e 250, nas regiões mais adensadas, como o Centro e as áreas mais imediatas dos bairros América, Glória, Atiradores, Anita Garibaldi e Bucarein, esse consumo está entre 301 e 350 em média.

A previsão de uma zona industrial na região do Paranaguamirim, presente na Lei de Ordenamento Territorial (LOT), já resultou em demanda para a CAJ da construção de uma alternativa para que seja levada água até a região. A LOT prevê maior adensamento para uma região maior da cidade.

Texto: Jornalismo CVJ, por Sidney Azevedo / Foto: Sabrina Seibel

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