Joinville vacinou 5.393 crianças e adolescentes contra HPV, de um total de 20,6 mil, no ano passado. Isso corresponde a apenas 26% da meta de vacinação. As informações da Secretaria Municipal de Saúde foram apresentadas à Comissão de Saúde nesta terça-feira em reunião sobre como estimular a prevenção contra o vírus, que é sexualmente transmissível.

Segundo a Vigilância em Saúde, pais evitam vacinar os filhos pelo temor de um início precoce da vida sexual deles. O público-alvo da vacina são pessoas de nove a 14 anos, de ambos os sexos. Para que seja eficaz, a vacina, disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde, deve ser aplicada antes do início da vida sexual, segundo a Organização Mundial da Saúde.

O tema foi sugerido à comissão por estudantes do Curso de Enfermagem da Unisociesc. Eles fizeram uma pesquisa que indicou baixa adesão à vacina. Dos 5.393 vacinados, 3.800 não voltaram para tomar a segunda dose, que deve ser feita até 6 meses depois da primeira, segundo a secretaria.

O gerente de Vigilância em Saúde, Mário José Bruckheimer, afirmou que há um preconceito quanto à vacina do HPV. “Muitas vezes há a percepção dos pais que imaginam que os filhos terão uma vida sexual precoce por ocasião da vacina”, afirmou. “Os pais não querem que alguns assuntos sejam tratados com os estudantes”, complementou o coordenador da Escola Municipal de Saúde, Alan Régis da Silva.

Conscientização nas igrejas

Para o presidente da Comissão de Saúde, vereador Mauricio Peixer (PR), é preciso fazer a conscientização nas igrejas quanto ao assunto, já que questões religiosas foram apontadas como um dos bloqueios para que pais tomem a decisão de vacinar seus filhos.

De acordo com o vereador, um debate ampliado sobre o tema será marcado e terá a participação de líderes religiosos, representantes de escolas privadas e de instituições de ensino com cursos na área da saúde.

Sobre o vírus HPV

A vacina protege contra dois tipos do vírus papilomavírus humano, causador de 70% dos casos de câncer de colo do útero, segunda causa de morte por câncer entre as mulheres da América Latina e do Caribe, segundo a OMS.

O Ministério da Saúde adotou a vacina quadrivalente, que protege contra o HPV de baixo risco (tipos 6 e 11, que causam verrugas anogenitais) e de alto risco (tipos 16 e 18, que causam câncer de colo uterino).

A população-alvo prioritária da vacina HPV é a de meninas na faixa etária de 9 a 14 anos e de meninos de 11 a 14 anos, que receberão duas doses com intervalo de seis meses. Mulheres vivendo com o vírus HIV, na faixa etária de 9 a 26 anos, também são alvo de imunização, e devem receber três doses dentro de um intervalo também de seis meses.

Reportagem de Marina Bosio, com informações da OMS e do Ministério da Saúde / Edição de Carlos Henrique Braga e Felipe Faria / Foto de Nilson Bastian

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