A adoção tardia está entre as maiores dificuldades enfrentadas pelas entidades integradas na busca de uma solução ou alternativa para o problema que é o responsável pela manutenção de centenas de crianças em casas de acolhimentos ou em instituições sociais voltadas ao setor em Santa Catarina. A constatação foi amplamente debatida na audiência pública realizada na tarde, de segunda-feira, dia 31, na Câmara de Vereadores de Joinville, coordenada pela deputada estadual Dirce Heiderscheidt, da Comissão Permanente de Direitos e Garantias Fundamentais, de Amparo à Família e à Mulher, da Assembléia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O tema das discussões foi “As condições dos processos de adoção no Estado”, que integra a campanha Laços de Amor e os desafios da adoção.

Entre os objetivos, que já mobilizou cinco regiões do Estado e encerrará dia 15 de dezembro, na Alesc, em Florianópolis, com um amplo diagnostico sobre os entraves da adoção e reduzí-los. Participaram dos debates representantes do Ministério Publico Estadual, da Ordem dos Advogados do Brasil, assistentes sociais, psicólogos, coordenadores de casas de acolhimento, grupos de adoção e público em geral. Na audiência várias autoridades debateram maneiras de agilizar o processo de adoção no Estado, além de formas de incentivo as adoções tardias, com necessidades especiais, interraciais e de grupos de irmãos. Apesar do gesto solidário das pessoas que se propõem à adoção, mas existe um fato que acaba se transformando em algo negativo: a preferência. Segundo Elisangela Shappo, coordenadora da campanha “Adoção – Laços de Amor”, 98% das famílias que pretendem adotar desejam crianças do sexo feminino, brancas, com menos de três anos e sem irmãos.

Sobre isso a coordenadora do Lar Abdon Batista, Anna Paula Kegel defende que é necessário dar mais atenção aos grupos de irmãos que, por já possuírem um laço familiar e não separá-los. Ela insistiu na necessidade de contratação de mais psicólogos e outros profissionais para atender as crianças e adolescentes que necessitam. O depoimento da mãe Abigail do Rosário, que possui 54 filhos adotivos emocionou os presentes quando ela citou que a maioria já eram grandes e que possui ainda os que possuem algum tipo de deficiência entre eles tem os com necessidades especiais. Ela insistiu na defesa de que tem que se priorizar a criança, uma vez que a família desestruturada encontra na falta de amparo do Poder Público maior dificuldade para sua recuperação.

O juiz substituto da vara da infância e adolescência de Joinville, Fernando Rodrigo Busarello acredita que é necessário fazer um trabalho de sensibilização das famílias dispostas à adoção para que elas optem por crianças com idade avançada, pois a fila de espera para adoção de bebes em Joinville chega a 346 famílias, nos últimos quatro anos, mas a fila não anda. Atualmente há 112 crianças e adolescentes em abrigos na cidade e desse numero, menos da metade são meninas e 63% fazem parte de grupos de irmãos.

O vereador Osmari Fritz, presidente em exercício do legislativo, pediu ações mais integradas para diminuir a quantidade de crianças nos abrigos e manifestou o apoio da Câmara para a causa. A vereadora Dalila Leal ressaltou a importância do debate e afirmou que a melhor solução é investir na educação, pois através dela a conscientização da população para esse tipo de questão será maior. A audiência contou também com a presença da vereadora Zilnety Nunes. De acordo com a deputada Dirce, já foram realizadas audiência públicas em Blumenau, Chapecó, Criciúma, Lages e Joinville.

Colaborou: Marcos de Oliveira
Foto: Sabrina Seibel

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