A Comissão de Saúde realizou ontem uma audiência pública para discutir a tabela de preços praticados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos procedimentos feitos por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. O plenarinho da Câmara, onde foi realizado o encontro, ficou lotado de profissionais e estudantes da área, que apostavam na presença dos secretários estadual e municipal de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira e Tarcísio Crocomo, respectivamente.

“É uma pena (a ausência deles). Eles seriam as pessoas para chegarmos a Brasília, porque uma tabela como esta, só modificamos de cima para baixo”, disse Anderson Lobo, presidente da Associação de Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais da Região Norte de Santa Catarina. Representantes dos planos de saúde Bradesco Saúde, Agemed, Unimed e Vitaserv também foram convidados para as discussões, mas não apareceram, assim como políticos catarinenses das esferas estadual e federal.

Com as ausências das pessoas para quem os fisioterapeutas e terapeutas gostariam de fazer reivindicações, a audiência pública transformou-se em um momento de conscientização pela união da categoria por melhor remuneração. Isso porque, segundo Lobo, faz 18 anos que os valores pagos pela tabela do SUS e pelos planos de saúde são os mesmos. Pelas patologias mais comuns, são pagos de R$ 4 a pouco mais de R$ 6 por cada procedimento.

Segundo o presidente da associação, essa baixa remuneração faz com que as clínicas deixem de atender pelo SUS. Lobo disse que tal política de preços gera superlotação e faz diminuir a qualidade do serviço. O dirigente reclamou, ainda, que, no caso dos planos de saúde, o pagamento do procedimento feito em paciente conveniado chega a demorar até 60 dias para ser liberado, diminuindo o capital de giro e o poder aquisitivo das clínicas e dos profissionais, que, na maioria, são comissionados por procedimento.

Vários acadêmicos, professores, profissionais de fisioterapia e terapia ocupacional já com anos de experiência manifestaram-se na audiência. O discurso de todos foi o de união para buscar reverter tal precariedade nos salários.

“Gente, fisioterapeuta, hoje, não ganha dois salários mínimos ao mês. O fisioterapeuta que entra numa clínica como comissionado pode ficar até 90 dias esperando para receber o primeiro salário, porque os planos demoram a pagar. É uma situação que nos preocupa muito, porque, há 10 anos, falávamos em 20 salários mínimos e, hoje, não chegamos a dois. Daqui a cinco anos, eu não sei… Esse é momento de união, vamos nos associar, vamos brigar por alguma coisa. Senão, vai complicar mais”, desabafou Nadion Dalêncio, proprietário de clínica.

A Comissão de Saúde fará uma moção, apelando às secretarias de Saúde de Joinville e do Estado para que intercedam em Brasília para que haja uma revisão dos valores pagos pelo SUS e pelos planos. Ainda não há data para apreciação do documento em plenário, pelos vereadores. Para assistir à audiência na íntegra, clique aqui.

Foto de Sabrina Seibel

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