A reunião da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ), levantou, na tarde de quarta-feira, dia 23, no mínimo constrangedora. É como pode ser considerada a situação por que passam as famílias que possuem pessoas portadoras de deficiências. Conforme os relatos da coordenadora da Associação das Mães de Filhos com Deficiência, Cirlei Francisca Tariga as dificuldades enfrentadas são causadas pelo baixo valor pago pelo Governo, repassado pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), para custear as despesas com os deficientes.

Além do aumento do valor da pensão as mães reivindicaram também melhorias no atendimento nos hospitais públicos, que está muito abaixo do esperado. Os relatos feitos por Cirlei Tariga emocionou os vereadores e o público presente. Ela afirmou que atualmente a maioria das mães sofre com depressão e acabaram se tornando dependentes dos deficientes, pois não podem trabalhar devido ao tempo que dedicam para cuidar de seus filhos. E as dificuldades são de toda ordem uma vez que recebem um salário mínimo (R$ 545,00) que sequer supre as necessidades de uma pessoa normal. Imaginem duas pessoas terem de sobreviver com o valor tendo que custear alimentação, vestiário, higiene, medicamentos, etc. Ela pede que seja criada uma lei beneficiando as mães com uma pensão, para que elas recuperem um pouco de sua dignidade perdida com as humilhações sofridas ao longo do tempo.

A associação também reclama do mau atendimento nos hospitais públicos, a da falta de acessibilidade, medicamentos e de fraldas para os pacientes com deficiência. Segundo ela os remédios nem sempre estão disponíveis e as fraldas não são suficientes para atender a demanda necessária. Atualmente cada deficiente físico recebe 24 fraldas por mês. A coordenadora do serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência física, idosos e suas famílias, Mariele Freire Ciola afirma que as fraldas provêm de um convênio entre a Secretaria de Saúde do Município, que destina os recursos financeiros para a compra do produto e a Secretaria de Assistência Social, que faz a triagem das pessoas que necessitam receber as doações. A quantidade, porém, é imposta por lei e as Secretarias só podem destinar mais que 24 unidades se houver uma determinação judicial.

A Terapeuta Ocupacional da prefeitura, Cibele Emgler, explica que o pedido é feito no primeiro dia de cada mês para as pessoas que possuem um laudo médico indicando a necessidade do uso das fraldas, porém elas demoram cerca de vinte dias para chegar aos pacientes. O vice-presidente do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência (Comde), Ademar Schlogl, ainda chama a atenção para a qualidade do material que é enviado aos deficientes, segundo ele muitas vezes as fraldas acabam causando irritações e ferimentos. O gerente da unidade de referência do município, Julio César Malschitzky, diz que existe um controle de qualidade sob as fraldas e aconselhou os pais que receberem matérias de baixa qualidade a levá-los a Secretaria para que uma investigação seja feita para apurar os responsáveis pela troca de material.

A vereadora Tânia Eberhardt acredita que alguns problemas podem ser resolvidos no âmbito municipal, mas há alguns problemas que precisarão de conversas mais longas para ser resolvidos. Ela propôs que uma moção seja feita pedindo a equiparação do auxílio ao deficiente com o auxílio reclusão. Ela também pediu que um estudo fosse feito para rever a quantidade de fraldas por pessoa e sugeriu que os remédios controlados sejam levados para os postos de saúde a fim de que as mães não tenham que fazer um deslocamento grande. Atualmente eles são distribuídos na farmácia escola da Univille. O presidente da Comissão, o vereador Adilson Mariano classificou como descabida e inaceitável a demora para a entrega das fraldas aos deficientes. “A impressão que dá é que a divisão do serviço em duas secretarias é feita exatamente para que a coisa não funcione” disse o vereador petista. Para ele a distribuição desse material deveria ser feita de forma mais rápida e organizada. Após os encaminhamentos os vereadores incentivaram as mães a continuar sua luta em busca por melhores condições para seus filhos.

Foto: Sabrina Seibel

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