Oito personalidades ligadas a causas sociais em Joinville receberam o reconhecimento de seus trabalhos ao serem indicadas pela Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ) com a outorga da Medalha de Mérito Antonia Alpaídes. A mais importante outorga individual prestada pela representação maior da cidade, o Poder Legislativo, para as pessoas que, por meio da arte, cultura, educação prestarão serviços relevantes ou destacaram-se na defesa da raça negra. O depoimento que mais chamou atenção foi de José Bispo de Souza. Ele contou que quando chegou a Joinville, há 50 anos, em companhia de um representante de um laboratório americano afirmou que no Brasil não havia racismo. “Para minha surpresa à noite fomos em um baile e o americano não pode entrar por ser branco, então, fomos para outro baile e eu não consegui entrar por ser negro”, afirmou. Souza é pastor evangélico, fundador do Centro de Recuperação de Dependentes Químicos Um Novo Dia e um dos primeiros evangelizadores de cultos em praças. Souza foi recomendado pela bancada do PPS.

O músico José Sady Silva de Oliveira Filho, integrantes da Banda Pop Band, recebeu a outorga pelos serviços voluntários e participação na comunidade da igreja Cristo Redentor, no bairro Floresta. Sady foi indicado pela bancada do Partido Social Democrático (PSD). “Quando nos dedicamos a um trabalho não esperamos nada em troca, há tanta gente que se dedica aos trabalhos voluntários em Joinville, por isso também quero dedicar essa medalha a essas pessoas”, disse o músico. O indicado pela bancado do PT foi Francisco dos Santos de Oliveira, o “Chico Preto”. Servidor público, líder comunitário com participação atuante na igreja e Associação de Moradores no bairro Boa Vista. “Quero dedicar essa medalha ao povo negro, um País sem pobreza é um País sem desigualdade racial”, avaliou Oliveira.

Tito Lívio Lermen foi recomendado pela bancada do DEM. Lermen é pastor Luterano e ex-diretor geral do Colégio Bom Jesus/Ielusc. Para Lermen educar é ensinar a superar as diferenças e aproximar as pessoas pelas semelhanças. Assim conseguiremos a paz. Kelvin Nunes Soares é professor de educação física e treinador de basquete e foi apontado pela bancada do PSDB. “Como educador buscamos mudar as estatísticas, precisamos de um estado de equilíbrio. A simples declaração de igualdade ainda significa muito pouco”, argumentou Soares. A indicada da bancada do PMDB foi Maria Anelir da Costa. Maria integra os segmentos Mulher e Afro Descendentes do PMDB, presidente por dois mandatos da Associação de Moradores do Fátima e catequista por 14 anos da igreja do bairro. “Ser negra para mim é um grande orgulho e todos nos temos o direito de igualdade, o sol não brilha mais para o alemão ou para o italiano”, disse a homenageada.

Maria da Silva Borba, recomendada pela bancada do PSL. Ela é professora aposentada, presta serviços voluntários na Comunidade Santa Paulina e Associação de Moradores do bairro Guanabara. “Está homenagem será levada para a minha comunidade e como negra sou merecedora de tudo que todos merecem”, afirmou a professora. Rodrigo Bornhold que é advogado e foi vice-prefeito de Joinville e foi o indicado pela bancada do PDT. Bornhold argumentou que muitas vezes a função do agente público é ir contra a corrente. “Quando muitos afirmavam que em Joinville não haveria mais carnaval e outras manifestações eu fui contra, assim como defendi todas as manifestações da etnia negra em Joinville”, finalizou o homenageado.

Quem foi Antônia Alpaídes? Antônia Alpaídes Cardoso dos Santos foi professora. Nasceu em 1904 e morreu em 1968, aos 64 anos. Atuou nas Escolas Rui Barbosa, Germano Timm, Prefeito João Colin, Conselheiro Mafra, aposentou-se e continuou a lecionar como professora particular em sua casa. A professora sempre manteve a imagem de ser rígida e disciplinadora, procurava impregnar em seus alunos dotes morais e princípios espirituais, a fim de melhor estabelecer parâmetros, à vida em sociedade. Entre seus alunos que se desatacaram estão os saudosos deputados Adhemar Garcia Filho, Nagib Zattar, o médico Tuffi Dippe, Olívia Maia Mazzoli e outros. A missão maior da professora Antônia Alpaídes era: “ensinar a ensinar”.

Fotos: Sabrina Seibel

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