Preocupados com a possibilidade da não realização da Semana Farroupilha, tida como uma das maiores festas da cultura tradicionalista gaúcha, que acontece em setembro, integrantes da organização do evento solicitaram o apoio ao presidente da Câmara de Vereadores de Joinville, vereador Odir Nunes, para interceder junto a Secretaria de Estado da Agricultura para agilizar a expedição d e documentos como: exame de controle do vírus da anemia infecciosa eqüina (AIE), certificado de vacinação contra gripe influenza eqüina e o Guia de Transporte Animal (GTA) para os proprietários de cavalos de Joinville e região. “O problema maior acontece aos finais de semana, quando não tem plantão da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), que é o órgão fiscalizador e expedidor da documentação que é obrigatória no acompanhamento do animal quando este estiver em via pública”, explica o empresário Elias Resende, patrão do Centro de Tradições Gaúchas Herança do Meu Velho Pai, de Araquari.

Não portar o documento incide em pesadas multas e o recolhimento do animal. A exigência da documentação, segundo o gerente regional da Cidasc (Companhia integrada de Desenvolvimento Agrícola) em Joinville, Fernando Wendhausen Rothbarth, está amparada em lei federal. O objetivo é preservar a manada do Estado, uma vez que, “já foram detectados casos da doença e ainda não podemos considerar o Estado de Santa Catarina livre da anemia”, disse o diretor. A doença (veja quadro abaixo) é uma afecção cosmopolita dos eqüinos, causada por um RNA vírus do gênero Lentivirus, da família Retrovírus.

No final de 2010, a Cidasc realizou um senso em diversas regiões do Estado. Das quase cinco mil amostras de sangue coletadas e enviadas ao laboratório do órgão em Joinville, que por sua vez remeteu os resultados para avaliação no Lanagro (Laboratório Agropecuário Nacional) do Ministério da Agricultura. “Estamos aguardando para saber sobre o índice de incidência, que deve sair nos próximos dias”, avisou Rothbarth. Sobre a reclamação dos proprietários de animais, ele explicou que, os documentos podem ser requisitados junto a veterinários credenciados pela Cidasc que pode ser acionado para acompanhar eventos agropecuários e expedir o exame de anemia infecciosa (que tem validade para 60 dias), o GTA que é válido especificamente para o trajeto a ser feito pelo animal e a vacinação da influenza, cuja validade é para um ano.

De acordo com o diretor, cerca de 1.200 exames são realizados no laboratório do órgão em Joinville, “são oriundos de todo o litoral catarinense”. Para o empresário Ciro Harger, do CTG Chaparral, deve haver uma flexibilidade por parte do órgão fiscalizador, “é justo que o animal tenha de estar acompanhado da documentação mas ela tem de ser colocada à disposição do cidadão quando ele precisa, até porque o prazo validade é curto (GTA)”. Ele explica que, os eventos tradicionalistas ocorrem principalmente nos finais de semana, quando a Cidasc está fechada e a contratação de um veterinário credenciado é caro, “a alternativa – no caso da GTA – seria através de um sistema integrado disponibilizado através da internet”. Já o vereador Odir Nunes defende que é preciso encontrar uma alternativa legal que facilite os procedimentos para os donos de animais. Para isso, irá juntamente com o deputado estadual Darci de Matos e o deputado federal Marco Tebaldi (atual secretário de Estado da Educação) marcar um encontro com secretário de Estado da Agricultura, deputado federal João Rodrigues nos próximos dias. De acordo com o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), nas 16 regiões tradicionalistas de Santa Catarina existem 250 mil adeptos, sendo 50 mil associados cadastrados, que freqüentam três mil piquetes de laçadores e 700 CTGs. Em Joinville, dados da Cidasc indicam que somam 1.400 eqüídeos, que abrange os cavalos (eqüinos), asininos (jumentos, jumentas, asnos e jegues) e os muares (burros e mulas).

SAIBA MAIS SOBRE A DOENÇA

Sintoma

Os cavalos infectados podem apresentar febre de 40 a 41, 1° C, hemorragias puntiformes embaixo da língua, anemia, inchaço no abdômen, redução ou perda de apetite, depressão e hemorragia nasal. A doença afeta também os eqüídeos, que abrange os asininos (jumentos, jumentas, asnos e jegues) e os muares (burros e mulas).

Contaminação

A transmissão ocorre através de picada de mutucas e das moscas dos estábulos; materiais contaminados com sangue infectado como agulhas, instrumentos cirúrgicos, groza dentária, sonda esofágica, aparadores de cascos, arreios, esporas e outros materiais, além da placenta, colostro e acasalamento.

Prevenção

O animal positivo para o teste de IDGA (imuno difusão em gel de agarogicialmente, aprovado para diagnóstico da AIES) deverá ser isolado, impedido e, posteriormente sacrificado, pois é disseminador da doença. As agulhas e seringas utilizadas deverão ser descartáveis. Toda embalagem de sangue deverá ser devidamente esterilizada antes de ser reutilizada. A comprovação de qualquer eqüídeo positivo para AIE deverá ser comunicada à Cidasc.

Tratamento

Não há tratamento efetivo ou vacina para a doença. O animal infectado torna-se portador permanente da doença, sendo fonte de infecção.

Fonte: https://www.defesaagropecuaria.al.gov.br{jcomments on}