O segundo dia do Urbano 22 começou com o painel “Operações Urbanas Consorciadas”, apresentado pela doutora em arquitetura e urbanismo Maria Águeda Muniz, que atuou na Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (CE) entre 2013 e 2020.

“Trabalhamos esse tema de operações urbanas consorciadas como uma forma de transformar e valorizar os espaços degradados de nossa cidade”, comentou Maria. Ela apresentou exemplos de locais subutilizados (ou de desvalia) em diversos países que ganharam novos usos após a revitalização.

Ela definiu os espaços de desvalia como impróprios à vida urbana, que representam um ônus para a sociedade local e para o poder público e que produzem impactos negativos para a cidade. A proposta trabalhada durante a passagem pela secretaria foi, justamente, a realização de intervenções urbanas para transformar esses espaços de modo urbanístico, social e ambiental, dando-lhes novos sentidos.

Tudo isso ocorre por meio de um modelo político-institucional com a participação da iniciativa privada, da sociedade e do poder público. A esse modelo damos o nome de Operação Urbana Consorciada (OUC). Maria ainda citou algumas OUC realizadas em Fortaleza, como a OUC Riacho Maceió e a OUC Sítio Tunga. Vale lembrar que essa estratégia de ação será contemplada na proposta do novo Plano Diretor de Joinville.

Inovação imobiliária

O próximo convidado foi o diretor superintendente da Hacasa, Fabiano Cordaro, com o painel “Desenvolvimento Urbano de Projetos Imobiliários”. Fabiano apresentou algumas ideias de inovação imobiliária para aplicar em Joinville. “São ideias para refletir, para repensar o que podemos trazer de melhor pra cidade”, explicou.

Uma das ideias diz respeito a uma região do Paranaguamirim denominada Área Rural de Proteção Ambiental (Arpa), na zona costeira leste. A ideia é implementar o turismo no local com a criação de um parque ecológico multiuso, contemplando a urbanização. Os pilares dessa mudança se baseiam em uma transformação sustentável, economicamente viável e turística.

integração regional

A palestra seguinte abordou o impacto regional do planejamento urbano dos municípios do nordeste de Santa Catarina, com o arquiteto e urbanista Sérgio Gollnick, mentor do colegiado de planejamento de infraestrutura da Associação de Municípios do Nordeste de Santa Catarina (Amunesc).

Ele iniciou citando o plano diretor de algumas cidades próximas, como o de Araquari, que foi revisado e contemplado em 2019. Ele comenta que os planos dos municípios da região não citam ou citam poucas vezes a integração regional. O único plano com um capítulo totalmente dedicado a isso é o de Joinville.

“Quando você não tem uma estrutura técnica para pensar regionalmente, acaba que a demanda é muito mais de clientela do que de planejamento a longo prazo”, apontou Gollnick. Ele ainda salientou que a integração regional tem também uma deficiência geofísica; os municípios do planalto têm uma proximidade maior, enquanto são mais distantes dos municípios do litoral.

Ao comentar sobre a integração de regiões metropolitanas no Brasil, Gollnick pontuou que Santa Catarina se opõe aos critérios de caracterização sugeridos pelo Estatuto da Metrópole. Essa oposição gera muitos obstáculos para realização de ações neste setor no estado, que não apresenta em nenhuma região metropolitana um Plano de Desenvolvimento Regional Integrado (PDUI).

O arquiteto e urbanista encerrou, ressaltando que a integração regional não é um desafio simples. Ainda comentou que a ajuda do setor privado é essencial para isso, e que isso vai gerar frutos tanto para as empresas quanto para o estado.