A Tribuna Livre da CVJ esteve aberta hoje para um convite do Arquivo Histórico de Joinville (AHJ) à comunidade joinvilense. No próximo domingo (20), o órgão vai completar 50 anos e abrirá o acervo para visitação. O secretário de Cultura e Turismo, Guilherme Gassenferth, e o coordenador do Arquivo Histórico de Joinville (AHJ), Dilney Cunha, apresentaram brevemente o AHJ aos parlamentares.
Gassenferth destacou como fundamental à construção da atual sede própria do AHJ a figura de Adolfo Bernardo Schneider. A unidade de memória de Joinville foi a primeira do Brasil a ser desenhada especificamente para ser um arquivo histórico, recordou o secretário, que frisou: “O Arquivo não existe apenas para o passado”. Como exemplo, citou os projetos arquitetônicos guardados na unidade desde 1917, que permitem a engenheiros calcular intervenções pontuais em obras antigas, e indicou também a coleção completa de jornais joinvilenses desde 1862.
Cunha, por sua vez, frisou que, embora para muitos o arquivo histórico seja visto como “um depósito de papel velho”, o arquivo não se resume a isso, e destacou que o local tem “fins de memória e fins, inclusive, legais”, como a certificação de ascendência para pessoas que tenham interesse em obter cidadania em outros países. O coordenador do AHJ destacou que, atualmente, a prioridade é para a digitalização.
Histórico
Em 1972 o Arquivo Histórico de Joinville foi criado como órgão da estrutura governamental do município por meio da Lei 1.182, com o nome Arquivo Histórico Municipal de Joinville, durante a administração de Harald Karmann. À época, a cidade passava por uma expansão migratória que se intensificava rapidamente, o que resultou na criação de projetos urbanos que desembocariam no Plano Diretor de 1973, com repercussões até hoje.
O AHJ, entretanto, não tinha sede própria e funcionava em uma seção de 100 m² da Biblioteca Municipal Rolf Colin. Quando o órgão completou dez anos, um relatório fotográfico deu origem a um movimento pela sede própria.
“Durante seus primeiros anos, [o AHJ] dedicou-se ao recolhimento de acervos, em grande parte, doados pela população. Os anos se passaram, e uma década depois se iniciou um movimento coordenado pelos técnicos, gestores, intelectuais e idealizadores de que fosse construído novo prédio, dessa vez, comportando os requisitos necessários para a arquivologia e história em um prédio que proporcionasse, além do suporte à pesquisa, as condições necessárias de climatização e acondicionamento adequado do acervo permanente”, escreveu sobre o processo a especialista cultural Giane Maria de Souza no mais recente Boletim do AHJ, publicado em março deste ano.
A sede própria foi inaugurada em 1986, e desde então o órgão ganhou complexidade em pessoal, atividades e tarefas. Há hoje trabalhos especializados em campos como história oral, tradução e imigração, fotografia, documentos manuscritos e impressos e obras raras, bem como um laboratório de reparos de documentos.
Em 2015, a regulamentação do AHJ foi atualizada com a sanção da Lei 7.995, que atualizou a legislação dos anos 1970, que abrangia a obrigação do órgão de guardar documentos específicos como “a coleção possivelmente completa das Listas Telefônicas de qualquer época, considerando, ainda, que Joinville foi uma das primeiras cidades do País a receber essa inovação”, passando a coleção a ser definida pela Comissão de Avaliação do Acervo do Arquivo Histórico de Joinville, criada em 2009.
Ações legislativas
A mais recente ação da Câmara em relação ao AHJ foi a decisão tomada ontem pelo Plenário de realizar uma sessão especial de homenagem ao órgão pelos seus 50 anos. O Requerimento 53/2022 foi proposto pelo vereador Maurício peixer (PL), e o dia da solenidade ainda será definido.
Mas também houve movimentos pedindo mais investimentos no AHJ. Em 2018, durante sua passagem como suplente pela Casa, Henrique Deckmann (MDB) propôs a revitalização do espaço por meio da Moção 626/2018, aprovada pelos demais vereadores:
“A Câmara de Vereadores de Joinville (SC), atendendo proposição do vereador Henrique Deckmann (MDB), APELA ao Executivo Municipal a revitalização do Arquivo Histórico Municipal, seja através de orçamento próprio ou via Lei Rouanet, com a reforma predial necessária, disponibilização de equipamentos para a restauração e digitalização de documentos, bem como a aquisição de novas mapotecas para o armazenamento adequado desses documentos que fazem parte do patrimônio cultural e histórico de Joinville.”
Porém, também há moções como esta do ex-vereador Odir Nunes, que solicitava ao AHJ o recolhimento de documentos para a preservação histórica da comunidade da estrada Quiriri:
“A Câmara de Vereadores de Joinville, aprovando moção do Vereador Odir Nunes, apela ao Coordenador do Arquivo Histórico de Joinville, Senhor Dilnei Cunha, que consulte a família do Senhor Eugênio Bergmann, que faleceu recentemente aos 98 anos (até então morador mais antigo da Estrada Quiriri), que guarda fotos e documentos dos primeiros moradores da Estrada Quiriri.”
Tribuna Livre
Na tribuna livre, espaço concedido nas sessões das quartas-feiras, entidades inscritas podem se apresentar por até 10 minutos. São permitidas até duas entidades por vez.
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