A Comissão de Cidadania retomou o debate sobre o uso de drogas nas ruas de Joinville, tema já abordado pelo colegiado na semana passada. No encontro desta quarta-feira (5), representantes da Secretaria de Assistência Social (SAS) e da Secretaria de Saúde avaliaram que quem está na rua têm um sofrimento maior, que vai além do uso de drogas. Conforme consulta realizada pelo município em 2022, Joinville possui 1.073 pessoas em situação de rua, mas parte do grupo é composto por pessoas itinerantes.

O objetivo do encontro desta vez, conforme o proponente Brandel Junior (Podemos), era conhecer as ações do município para conter o uso de drogas por parte de moradores de rua. Na opinião do vereador, os usuários trazem insegurança para outros munícipes e precisam ser retirados desses espaços para tratamento de saúde. Em alusão à cracolândia, em São Paulo, Brandel manifestou preocupação que a cidade se transforme, nos próximos anos, em uma “cracoville”.

A exposição dos convidados, entretanto, afastou o protagonismo das drogas no rol de problemas de quem vive nas ruas. A psicóloga do Programa Consultório na Rua, da Secretaria de Saúde, Joice Pacheco, que aborda e orienta pessoas em situação de rua, declarou que “a droga é o menor dos problemas de quem está nas ruas”. Conforme os dados apresentados por Joice, enquanto o uso abusivo de álcool afeta 75% dos quem vive nas ruas, o uso exclusivo de cocaína atinge uma parcela inferior a 5% do grupo.

Para evitar o efeito a “cracoville”, Joice defendeu a importância de fortalecer a atenção primária na saúde e de medidas que fortaleçam as famílias, uma vez que, segundo ela, 70% das pessoas nas ruas de Joinville nunca tiveram atendimento de assistência social e poucas concluíram o ensino além da 5ª série.

Censo

A coordenadora da Unidade Básica de Saúde do Bucarein, Gabriela Buch, destacou que o novo censo do IBGE vai proporcionar um planejamento efetivo por parte do poder público. Ela defendeu que é preciso saber quem são as pessoas que estão na rua para traçar o perfil do usuário e estabelecer um plano. Segundo Gabriela, hoje esse trabalho é realizado a partir de dados não oficiais.

Com relação à motivação da permanência de pessoas nas ruas, Joice apontou o uso de álcool e a quebra de vínculo familiar. A representante da saúde defendeu que é necessário pensar na promoção de saúde para o não rompimento de vínculo.

Medidas a longo prazo foram defendidas pela diretora-executiva da SAS, Valquíria Forster, e pelo vereador Alisson (Novo). Ela avaliou ser primordial o cuidado com o futuro. Ele destacou que a preocupação deve ser evitar que mais pessoas migrem para as ruas.

Ainda neste aspecto, Brandel sugeriu investimento do município nas atividades de contraturno escolar, com atividades esportivas e culturais para os mais jovens.