Moradores do Aventureiro, na Zona Leste de Joinville, pediram mais policiais nas portas das escolas do bairro para conter o avanço de traficantes de drogas sobre os estudantes, em audiência pública da Comissão de Proteção Civil e Antidrogas na noite de ontem (23). Eles também relataram casos de assaltos e furtos frequentes de comércios e até de uma igreja.

Cerca de 30 pessoas se juntaram a vereadores e representantes da Guarda Municipal e das polícias Civil e Militar na 5ª reunião externa da comissão sobre o tema neste ano, no Centro de Artes de Esportes Unificados (CEU) do bairro.

A professora Luzia Machado relatou venda de drogas, assaltos e “formação de gangues” nos portões dos colégios públicos.

Apesar de “inseguras”, as escolas não são os únicos locais que preocupam moradores. O líder comunitário e comerciante João Rinaldi disse que assaltos e furtos a comércios, casas e pessoas na rua são frequentes. Sua agropecuária já foi alvo de criminosos armados.

Até a igreja católica matriz do bairro entrou no histórico de furtos. Ladrões invadiram o lugar e roubaram cerca de R$ 20 mil em objetos de uso geral, contou Everaldo Nunes. A sobrinha dele também teve o comércio roubado.

“O que nós queremos é andar pela rua sem medo de ser seguido e assaltado”, pediu Everaldo.

No CEU, que tem uma praça e uma quadra de esportes, crianças brincavam e andavam de bicicleta tranquilamente na tarde de ontem, sob olhar dos pais, que também aproveitavam para caminhar.

Moradores disseram que, depois da instalação das câmeras de segurança e do patrulhamento da Guarda Municipal, sentem-se à vontade em frequentar o lugar, que era evitado pela presença de traficantes de drogas.

Crianças contaram ao Jornalismo CVJ não ter medo de frequentar o lugar, durante o dia, mas que evitam contato com pessoas que elas acreditam que poderão oferecer drogas.

Cidade de Deus

Moradores disseram à reportagem que a ponto mais violento do bairro é o Parque Joinville. Um deles vive numa área na Rua Helena Casagrande que é conhecida como “Cidade de Deus” por ser dominada por traficantes há mais de uma década.

A área é uma ocupação irregular com cerca de 50 famílias, segundo os moradores (eles não serão identificados por motivos de segurança).

Assim como nas favelas de outras cidades do País, traficantes oferecem “ajuda e segurança” à população em troca de seu silêncio, contou um morador do Parque Joinville.

Ocupar espaços

Síndico de um condomínio com 250 apartamentos, Marcos Vieira lamentou não conseguir manter a mesma segurança no lado de fora. Dois condôminos tiveram os carros levados na saída da garagem.

Marcos, que é gerente da Fundação Cultural de Joinville, sugeriu que a população ocupe espaços públicos do bairro e reconheceu que é preciso ter mais eventos culturais na cidade.

Bandidos nas árvores 

Criminosos estão se escondendo embaixo das árvores do bairro, que passaram a ser podadas com menos frequência pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema), disse a servidora da Câmara de Joinville e moradora do bairro Jurema S. Pereira da Silva.

Eles aproveitam a luz mais fraca das novas lâmpadas dos postes para assaltar motoristas nas esquinas da Rua Tuiuti e para assediar mulheres.

O que disseram as autoridades

O comandante da 5ª Região da Polícia Militar capitão Daniel Screpanti disse que vai “dar atenção ao tráfico em frente às escolas” e chamou a atenção dos pais para que “eduquem melhor os filhos” e que estabeleçam “limites” para eles.

O número de furtos e roubos cresceu em todo o Estado, reconheceu o capitão. Ele disse que a criminalidade é um problema nacional em que todos os cidadãos devem colaborar, não só as instituições de segurança pública, que desempenham um “papel fundamental” e “dentro de suas possibilidades”.

A representante da Secretaria de Proteção Civil de Joinville (Seprot), Silvia Zavatini, disse que a Guarda Municipal faz um trabalho “abrangente”, mas que ele pode melhorar com o aumento do efetivo. Ela não disse quando a GM terá mais guardas nem quantos serão.

A Seprot deve levar ao Aventureiro no ano que vem um programa de esportes para jovens, o “Vibe Legal”, que já está funcionando na Zona Sul. A ação também deve chegar ao Jardim Paraíso, em 2018.

Na segunda parte do discurso, como integrante do Conselho de Segurança Pública, o Conseg, Silvia lamentou o desinteresse da população em discutir o tema e creditou isso à falta de respostas das autoridades. “Há 17 anos clamamos pela mesma coisa, e há 17 anos a gente não é ouvido”.

A Comissão de Proteção Civil é presidida pelo vereador Richard Harrison (PMDB) e tem como membros Natanael Jordão (PSDB) e Pelé (PR).

Texto: Jornalismo CVJ, por Carlos Henrique Braga 

Deixe um comentário