As atividades parlamentares reiniciam hoje na CVJ com a primeira sessão ordinária de 2016. Nessa sessão serão definidas as composições das comissões. A agenda política da cidade para o ano é definida em grande parte pelo que ocorre durante a composição das comissões técnicas, porque nas reuniões das comissões é que ocorre a maior parte do trabalho de produção de leis. A partir da pauta dessas reuniões os vereadores se reúnem com representantes da Prefeitura, de organizações populares e de grupos que compõem a sociedade joinvilense para debater os rumos da cidade. Por isso, preparamos um pequeno guia para que você possa compreender como funciona a composição das comissões técnicas.

Proporcionalidade

As vagas nas comissões são distribuídas de modo a assegurar a proporcionalidade partidária nas discussões dos projetos. Isso para que os partidos presentes na CVJ possam representar de forma proporcional a população que os elegeu. Esse pressuposto democrático é o mesmo que rege a escolha dos vereadores nas eleições. Mas como se sabe qual a proporcionalidade partidária? Essa proporção é indicada por meio de um cálculo que apresenta a representação de cada partido ou bloco parlamentar na Câmara.

– Peraí! Cálculo?

Sim! Existe matemática na política. E é importante que você lembre do que são quocientes, isto é, resultados de divisões.

E a primeira etapa desse cálculo é descobrir o quociente de proporcionalidade que uma bancada precisa alcançar para ter um membro nas comissões. O quociente difere para as comissões de 5 e de 3 membros e apresentamos aqui cálculos e cenários possíveis para as composições.

As regras do cálculo estão no artigo 11 do Regimento Interno. Isso porque a composição das comissões técnicas segue a mesma regra de composição da Mesa Diretora. Convém lembrar, aliás, que a Mesa é, também, uma comissão.

Retornemos às contas. Para descobrir o quociente de proporcionalidade das comissões, divide-se o número de vereadores (19) pelo número de membros da comissão (5 ou 3, atualmente). O resultado é o quociente de proporcionalidade (3,8 para as comissões de 5 membros e 6,3 para as comissões de 3 membros).

Então começa a segunda etapa do cálculo, em que se divide o número de parlamentares de cada bancada parlamentar pelo quociente de proporcionalidade. O número resultante equivale à representação daquele partido, o que chamamos de quociente dos partidos. Para cada número inteiro alcançado no quociente dos partidos, as bancadas podem indicar um representante direto nas comissões técnicas. A diferença é a bancada da minoria, que tem uma vaga assegurada em cada comissão sob qualquer hipótese (caso tenha dúvida sobre alguma palavra, consulte o glossário, ao fim da página).

As vagas seguintes são distribuídas entre os partidos ou blocos parlamentares conforme o quociente dos partidos que não alcançaram número inteiro, indo do maior para o menor, com exceção da última cadeira, que o Regimento Interno assegura à minoria.

Apresentamos aqui a representação desses cálculos considerando o cenário da atual divisão partidária da Câmara. Cenário que pode ficar diferente caso haja formação de blocos parlamentares na segunda-feira.

Cálculo para o quociente de proporcionalidade das comissões de CINCO membros

 

Cálculo para o quociente dos partidos nas comissões de CINCO membros, e composição provável conforme os partidos

 

Neste ano, duas vagas ficariam para PSDB e PMDB, conforme a ordem decrescente do quociente. A outra vaga está assegurada à minoria. Porém, há três partidos que podem ocupar as duas vagas restantes das comissões de 5 membros. As ocupação destas vagas vão depender das articulações dos partidos no dia da composição das comissões. Este cenário é baseado na atual divisão partidária da Câmara, que pode ficar diferente caso haja formação de blocos parlamentares na segunda-feira.

As comissões que têm 5 membros são estas:
a) Legislação, Justiça e Redação
b) Finanças, Orçamento e Contas do Município
c) Urbanismo, Obras, Serviços Públicos e Meio Ambiente
d) Participação Popular e Cidadania

Cálculo para o quociente de proporcionalidade das comissões de TRÊS membros

 

Cálculo para o quociente dos partidos nas comissões de TRÊS membros, e composição provável conforme os partidos

 

Para as comissões de 3 membros, a composição se torna mais simples. Além da vaga da minoria, as restantes ficariam com PSDB e PMDB. Lembrando, uma vez mais, que este cenário é baseado na atual divisão partidária da Câmara, que pode ficar diferente caso haja formação de blocos parlamentares na segunda-feira.

As comissões compostas por 3 membros são as seguintes:
a) Educação, Cultura, Desportos, Ciência e Tecnologia
b) Saúde, Assistência e Previdência Social
c) Economia, Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo
d) Proteção Civil e Antidrogas

As artes representantam a composição de acordo com os preceitos do Regimento Interno, mas o próprio Regimento diz que a proporcionalidade é assegurada “tanto quanto possível”, o que significa que acordos entre as bancadas podem resultar em composições diferentes.

IMPORTANTE: caso haja alguma modificação partidária ou de bancada que modifique os quocientes ao longo do ano, esses novos quocientes não têm efeito nas comissões.

Como acontece?

O rito para a eleição das comissões inicia com a apresentação, em Plenário, das bancadas e da proporcionalidade para composição, com base no cálculo apresentado acima.

Após isso, serão chamados os líderes de cada bancada para apresentar o nome do indicado pelo partido à vaga da comissão. O conjunto dos indicados é a chapa formada para votação.

A indicação dos nomes dependerá de decisão dos partidos ou blocos parlamentares. É preciso levar em consideração que um mesmo vereador pode participar,no máximo, de 3 comissões.

Um detalhe: não obrigatoriamente o nome do candidato precisa ser do partido, a exemplo do que ocorreu ano passado na Comissão de Proteção Civil, para a qual o PMDB indicou o vereador Roberto Bisoni (PSDB).

No caso da minoria, o candidato para a vaga pode ser escolhido por consenso. Entretanto, se não houver consenso, o candidato é escolhido por meio de votação, no Plenário.

Formada a chapa para aquela comissão, os vereadores reunidos no Plenário vão votar se são favoráveis ou não à chapa formada. Se a maioria absoluta for favorável (10 vereadores), a comissão está composta.

A informação desta retranca foi corrigida às 17h10. A composição das comissões envolve votação no formato de chapa, exatamente como a que é realizada para a Mesa Diretora, e não é realizada por meio de homologação simples das indicações, como foi divulgado antes. Essa homologação ocorre somente quando um vereador deixa de ser membro de uma comissão, depois de elas já estarem compostas.

Quem pode ser indicado?

Nem todos os vereadores podem ser membros das comissões técnicas. Conforme o art. 21 do Regimento Interno, os vereadores que ocupam as cadeiras da Mesa Diretora não podem integrar outras comissões.

Isto é, na segunda-feira, os vereadores Rodrigo Fachini (presidente), Lioilson Corrêa (vice-presidente), Pastora Léia (1ª secretária) e Levi Rioschi (2º secretário) poderão votar, mas não poderão ser indicados para as comissões, a menos que deixem a Mesa Diretora. As vagas das comissões estarão em disputa pelos outros 15 vereadores.

E fica tudo definido?

Ainda não. A sessão de segunda-feira vai definir quem integrará a comissão. O presidente e o secretário de cada comissão são definidos oficialmente na primeira reunião da respectiva comissão, que deve ser agendada em até 5 dias úteis.

Observações

O mandato dos membros das comissões, bem como os de presidente e secretário, é de 1 ano.

Suplentes de vereador não podem assumir a presidência da comissão, salvo se todos os demais membros forem suplentes também.

GLOSSÁRIO LEGISLATIVO

Bancada: refere-se tanto ao partido quanto ao bloco parlamentar. Os blocos são formados por mais de um partido.

Minoria: é a bancada formada pelos partidos de menor representação que, somados, não ultrapasse 1/3 do total de membros da Câmara. Isto é, não pode passar, atualmente, de 6 vereadores.

Texto: Sidney Azevedo / Revisão: Marina Bosio e Felipe Faria / Infografias: Paula Haas

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