A audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ), na noite de quarta-feira (21/11), deliberou por uma manifestação, no dia 5 de dezembro, em frente Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional (SDR), às 17h30, em defesa dos serviços de saúde e educação pública. A proposta foi feita pelo vereador Adilson Mariano. Para quem, a idéia de manifestação é motivada devido à falta de respostas concretas do governo de Santa Catarina. “Nossa única alternativa é sair às ruas”, defende Mariano. O objetivo da reunião foi o de debater a situação, considerada caótica, por que passam setores da educação básica, da rede estadual, em Joinville. Além de, mobilizar todos os interessados a buscar soluções em curto e médio prazo, através de mecanismos junto a Secretaria de Educação do Governo do Estado. Visando também a valorização do ensino e para amenizar os graves problemas gerados para centenas de estudantes joinvilenses.

Cerca de 100 pessoas estiveram presentes na reunião, sendo grande parte estudantes e professores das escolas estaduais Tuffi Dippe, João Rocha, Celso Ramos, Presidente Médice, Conselheiro Mafra e Monsenhor Scarzello, representantes de associações de moradores, sindicato dos professores e convidados. 

O Secretário de Estado de Desenvolvimento Regional (SDR), Bráulio Barbosa e a gerente regional de educação Clarice Portella, não compareceram, mas foram reporesentados por Inês Odorizzi Ramos, da SDR. A justificativa da ausência, segundo o documento da secretaria, foi ter recebido o comunicado oficial somente na tarde de ontem, e que já havia outro compromisso de agenda para esse dia. Inconformado o vereador Mariano respondeu que a audiência foi divulgada, inclusive na imprensa. 

Os líderes estudantis são unânimes ao relatar que o governo carece de atenção para as escolas. O estudante do Centro de Educação Profissional (CEDUP) e presidente da Ujes, Nicolas Marcos diz que escola onde estuda é um exemplo do descaso do governo. Disse que, a partir do momento que as verbas enviadas pelo governo não eram suficientes para atender as demandas do estabelecimento alguns estudantes formaram uma cooperativa de estudantes. “Isso mantém parte da escola com a mensalidade de R$ 100 paga por aluno”, reforça o líder estudantil. Por outro lado lembra que, cobrar mensalidade é privatizar a escola pública, pois os estudantes que não pagam não tem acesso a determinadas ferramentas, nem programas de computador que são fundamentais para o conteúdo e aprimoramento do ensino.

Para o líder da Ujes, a não construção de novas escolas públicas, a falta de manutenção dos prédios das existentes, precarizando o seu estado de conservação a ponto de obrigar a Vigilância Sanitária ao fechamento da instituição, a ameaça de extinsão das extensões, aliado ao péssimo exemplo do que ocorre no Cedup demonstra um sucateamento, por parte do Governo do Estado, do ensino público em Joinville e em Santa Catarina. “O Cedup é hoje uma escola privatizada”, diz o estudante de 19 anos, “e o governo dá demonstrações de que ‘deseja’ a privatização de outras”, protestou.

A coordenadora geral do Sinte, Clarice Erhardt disse lamentar a decisão de o governo mandar duas funcionárias de carreira que não tem o poder de decisão para uma discussão com representantes da sociedade e do setor.  “Quem deveria estar aqui é quem tem o poder de decisão e de dizer para vocês o que vão fazer para solucionar esses problemas”, disse a coordenadora. “Vamos para rua, se aqui eles não vem, vamos para rua para ver se eles aparecem”, sugeriu. 

Com relação as extensões do ensino médio (*), condenadas a possibilidade de serem extintas, sob a alegação do Governo do Estado de que “não há estrutura necessária à qualidade de ensino”, a comunidade acadêmica, entidades sindicais com o aval do vereador Mariano defende a permanência delas até que sejam construídas novas unidades escolares nos respectivos bairros. Vale lembrar que, desde 2002 o Governo do Estado não construiu nenhuma nova escola em Joinville, “a última foi a Marli Maria, no bairro Paranaguamirim”, disse Clarice Erhardt, coordenadora regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação.

Em relação a paralização na saúde pública estadual, Adilson Mariano pretende sensibilizar a sociedade também na manifestação do próximo dia 5. A União Joinvilense dos Estudantes Secundaristas (UJES) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), junto com grêmios estudantis apoiaram a proposta do vereador.

(*) – São cursos da rede estadual realizados, no período norturno, em salas de aulas emprestadas da rede municipal, em três escolas da Zona Sul e uma da Zona Leste de Joinville. Não há garantia de solução definitiva para o problema em curto ou médio prazo.

Foto de Sabrina Seibel

Texto: João Diogo Leite

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