A coordenação do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) de Joinville esteve na reunião da Comissão de Saúde hoje para pedir apoio dos vereadores e de órgãos ligados à saúde e à segurança pública. A pretensão do órgão é melhorar o fluxo de circulação de corpos de mortos desde a suspeita de falecimento até a liberação do corpo para a família.
O órgão propôs uma portaria conjunta entre as secretarias municipal e estadual de Saúde, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e a Secretaria de Estado de Segurança Pública para formalizar o procedimento do fluxo de corpos, especialmente no caso de acidentes que envolvam mortes.
O órgão foi reconhecido neste ano como integrante da rede federal de verificação de óbitos. O reconhecimento formal representa um maior aporte financeiro, em recursos federais, para o SVO. Em contrapartida, é necessária a ampliação da cobertura do atendimento. O SVO de Joinville vai atender aos 26 municípios da região Norte-Nordeste de Santa Catarina.
Conforme a coordenadora do SVO, a enfermeira Aline Costa da Silva, o órgão ainda está se preparando para atender à nova demanda. Atualmente, o SVO analisa, em média, 58 corpos por mês, ou 2,5 corpos por dia. A estimativa é que, com a ampliação do atendimento, passem a ser analisados 6 corpos por dia.
Para Aline, a equipe atual do SVO conseguirá atender à demanda ampliada. A equipe é formada por 4 médicos patologistas, 4 técnicos de enfermagem capacitados como técnicos em necropsia e 1 agente administrativo. O SVO funciona das 7h às 22h todos os dias, incluindo fins de semana e feriados, em local anexo ao Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.
Caráter de prevenção
Frisando que a atuação do SVO vai além da confirmação da morte, o médico patologista Fernando Barros explica que o trabalho realizado pelo órgão tenta responder à pergunta: “De que o joinvilense está morrendo?” Cada caso de morte que chega ao SVO deve ser analisado com a finalidade de juntar informações que auxiliem o Poder Público a tomar decisões quanto à prevenção de doenças.
Os dados do SVO indicam, por exemplo, que a maior incidência de mortes naturais no município se dão por paradas cardiorrespiratórias em idosos com mais de 71 anos. A partir de dados como esses é possível determinar para quais setores da saúde direcionar os recursos. Isso pode ocorrer caso o SVO detecte, por exemplo, um caso de morte por uma doença infecciosa como a dengue. Barros explica que é por isso que o órgão atua na vigilância epidemiológica.
Dos atendimentos realizados pelo SVO, 46,5% são necropsias cirúrgicas e 50% são autópsias verbais. Em geral, um corpo fica, em média, 9 horas no SVO. A coordenadora entende que as famílias consideram o prazo longo, mas observa que, legalmente, é preciso que o corpo fique por pelo menos 6 horas conservado sob o cuidado do SVO. O patologista Fernando explica que o corpo deve ficar esse tempo para evitar possível contaminação de outras pessoas.
Câmara fria
A vereadora Zilnety Nunes (PSD) questionou sobre a câmara fria do órgão. O representante da Secretaria da Saúde, Mário José Brückheimer, disse que está em curso uma licitação para que o SVO passe a trabalhar com esse equipamento e não apenas com condicionadores de ar.
Escala de sobreaviso
O vereador Levi Rioschi (PPS), que acompanhou a reunião, questionou a escala de sobreaviso dos médicos do SVO. Ele esteve um dia, à noite, quando o SVO funcionava apenas até as 19h, e não encontrou nenhum médico de plantão.
A coordenadora do SVO explicou que a escala de sobreaviso não significa que o médico ficará, necessariamente, no local, mas que estará alerta para atendimentos que sejam necessários, deslocando-se do local onde estiver para o SVO.
A explicação não deixou Rioschi satisfeito. O parlamentar disse que gostou do sistema que conheceu em Criciúma, onde, segundo Rioschi, o SVO funciona 24 horas por dia e onde as famílias que procuram o serviço podem contar com psicólogo.
Aline respondeu dizendo que o único SVO que funciona em plenitude é o de Florianópolis e que o serviço que funciona em Criciúma é privado. O vereador Roberto Bisoni (PSDB) disse que é preciso “brigar para ter plantão”, embora reconheça que o serviço melhorou muito.