O presidente da Câmara, Cláudio Aragão (MDB), respondeu na sessão de hoje (2) às críticas do vereador Ninfo König (PSB), feitas durante uma entrevista à TV da Cidade — entre elas, a de que os vereadores aceitaram apoiar governo Udo Döhler em troca de cargos na Prefeitura.
Também reagiram às críticas os vereadores Richard Harrison (MDB) – que é líder do governo Udo, Ana Rita Negrini Hermes (Pros), Pelé (PL), Odir Nunes (PSDB), Tânia Larson (SD), Adilson Girardi (SD), Lioilson Corrêa (PSC), James Schroeder (PDT), e Fabio Dalonso (PSD).
Do mesmo partido de Ninfo, Iracema do Retalho disse que ele “foi infeliz” em algumas colocações, mas que respeita sua opinião.
Pouco antes do início da sessão, Ninfo também se posicionou. Em nota, disse discordar que “vereadores agraciados com nomeações percam sua liberdade de pensamento e de ação”.
Veja a íntegra do discurso de Aragão, e, logo abaixo, a nota de Ninfo.
Discurso de Aragão
“Como é do conhecimento de todos, o vereador Ninfo König, do PSB, em entrevista concedida ao jornalista Luiz Veríssimo, na TV da Cidade, e reverberada nas redes sociais, fez graves acusações que atingem o conjunto dos vereadores com assento nesta Casa, ofendem os servidores e desonram a imagem do Legislativo que ele prometeu honrar e defender.
Disse o parlamentar, que o prefeito Udo Döhler comprou os vereadores para que sirvam a seus interesses e que esse Legislativo tem 300 funcionários para cumprir tarefas que apenas 20 ou 30 cumpririam. Esse discurso é leviano, raso e ofensivo, aceitável em um candidato de oposição que estivesse a disputar uma eleição sem propostas e com discurso populista e demagógico.
Ofendeu o corpo técnico desta Casa, que tem as mais altas qualificações e disputaram por concurso público os espaços legais que ora ocupam. São vencedores e profissionais que merecem respeito, consideração e admiração.
Já a ofensa disparada contra o conjunto dos vereadores merece igual e veemente repúdio. Vivemos numa democracia, e o partido MDB e seu arco de alianças, legitimamente eleitos para comandar o Executivo municipal, também formaram maioria no Legislativo. Como é próprio da democracia, somos governo. E como é natural em todos os governos, os cargos são ocupados pelos quadros mais qualificados dessa base.
Mas o vereador Ninfo parece ignorar as regras do regime democrático ou não se conformar em ser minoria. Então, parte para a ofensa grosseira e acusações levianas. Se ele sabe de alguém que tenha se corrompido, se vendido, cabe a quem acusa apresentar as provas e levá-las à Justiça, sob pena de incorrer em prevaricação e cumplicidade.
Em nome e em defesa da Câmara de Vereadores de Joinville, exigimos que o vereador Ninfo apresente as provas de suas acusações”.
Cláudio Aragão, presidente da Câmara de Vereadores de Joinville.
Nota de Ninfo
“Sobre a repercussão de minha entrevista ao jornalista Luiz Veríssimo, no programa Encontro com a Imprensa, veiculado neste sábado (29/6) pela TV da Cidade, venho esclarecer que:
- entendo que os vereadores são os agentes políticos mais próximos da população e, por tal, razão vejo como necessário que o prefeito se valha de indicações feitas por vereadores para trabalhos ou projetos na área de atuação ou de afinidade do vereador. Isto é legítimo, desde que os indicados tenham a formação e a capacidade técnica necessárias ao cargo, e saibam distinção entre o cargo a ser ocupado e qualquer forma de apoio eleitoreiro ao vereador que o indicou;
- o que não concordo e reputo grave é que os vereadores agraciados com nomeações percam sua liberdade de pensamento e de ação. Não são raras as vezes que vemos e ouvimos vereadores se dizerem contrariados com um projeto ou com uma votação, mas cedem à pressão do Executivo, muitas vezes por temor de que seus indicados percam os cargos. Isso é inadmissível;
- neste curto tempo de mandato, já presenciei colegas votando contra seus próprios projetos e retrocedendo nas manifestações, em ocasiões onde ficou muito clara a ingerência do Executivo;
Volto a declarar: um Executivo competente e correto não precisa pressionar ou ameaçar vereadores com perdas de cargos indicados para ter seus projetos e interesses preservados. Vivemos uma nova era, a população acordou e está nas ruas cobrando dos políticos.
Não tenho dúvidas de que qualquer medida boa para a população, se fosse barrada por vereadores, sofreria forte pressão do verdadeiro senhor dos políticos, o povo!
A obra do Rio Mathias, por exemplo, é reconhecidamente um caos para a cidade, e o próprio Ministério Público já declarou que se não for realizada mudança drástica de projeto, os danos ao final da obra (se um dia isto chegar) serão maiores do que os da própria obra em si.
Contudo, temos seis vereadores que já manifestaram necessidade de iniciarmos uma CPI sobre tal obra, para que se possa investigar os motivos de tamanho desencontro de datas, valores, informações e muitos outros pontos nebulosos dessa obra faraônica, mas a CPI só pode ser instaurada se 7 vereadores assinarem o requerimento.
Eu e os outros cinco vereadores que já assinaram o requerimento buscamos, junto aos demais colegas, a assinatura necessária, e todos os vereadores com quem falamos concordam que a obra é uma vergonha, mas não assinam por medo das represálias do Executivo!
Sofro ao perceber que o qualificado quadro de servidores concursados da CVJ é subaproveitado, pois a Câmara poderia fazer muito mais pela cidade, mas sem liberdade e sob ingerência do Executivo, pouco se produz.
Foi a esse tipo de situação que me referi. Se o termo ‘comprar vereadores’ foi exagerado, é apenas uma figura de linguagem, talvez eu devesse ter falado em ‘aluguel de opinião e de voto’.
Ninfo König, vereador.