Os vereadores da Comissão de Saúde acompanharam na terça-feira (26) a prestação de contas da Secretaria da Saúde sobre o primeiro quadrimestre deste ano. Entre os dados apresentados estão o número de atendimentos realizados pela estrutura da secretaria como um todo, bem como dados sobre o dinheiro destinado à Saúde em Joinville pelo município, pelo estado e pela União.
Ouça: Vereadores recebem prestação de contas da Secretaria de Saúde
Os dados de janeiro a abril de 2015 foram comparados com os do mesmo período de 2014, a partir de pedido feito pelo vereador Odir Nunes (Solidariedade) na prestação de contas realizada em fevereiro. A diferença de números em alguns critérios indica que há dificuldades na informatização dos dados sobre as consultas.
Um exemplo é o número de ultrassonografias. Entre janeiro e março de 2015 foram registrados 3.176 exames, enquanto foram registradas 8.107 ultrassonografias no mesmo período do ano passado. Segundo o coordenador do gabinete da Secretaria da Saúde, Mário José Brückheimer, o número de ultrassonografias apresenta essa diferença porque a empresa terceirizada que realiza os exames não cadastrou os dados no Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), mantido pelo Ministério da Saúde. Os dados do SIA podem ser monitorados pelos cidadãos.
O número geral de consultas nos postinhos e nas unidades básicas também apresentou queda no período de janeiro a março, sendo de 103 mil em 2015, enquanto em 2014 contabilizavam 121 mil. Conforme Brückheimer, isso ocorre porque “as informações são captadas e registradas por um profissional, e digitadas por um outro profissional”.
Isto é, os dados reunidos nas consultas pelos médicos acabam tendo de ser compilados por um agente administrativo. No meio desse processo, alguns dados acabam deixando de ser computados naquele mês, sendo registrados apenas no mês seguinte.
Uma medida para acelerar o processo de compilação dos dados seria a instalação de computadores nos consultórios para que as consultas não precisem mais ser registradas em papel. Isso permitiria, ainda, a coleta de dados “em tempo real”, segundo Brückheimer, tornando o planejamento da secretaria mais preciso. Brückheimer diz que há um movimento na secretaria para pedir a informatização.
Atendimento básico versus Urgência e emergência
Os dados apresentados pela secretaria indicam que a maior tendência de busca dos equipamentos públicos de saúde seguem sendo os de urgência e emergência, como os pronto-atendimentos e os hospitais. Os atendimentos realizados pelo município totalizam 43,7% de todos os mais de 276 mil atendimentos da rede. O ideal seria que o atendimento de urgência e emergência somasse aproximadamente 15%.
Conforme Brückheimer, isso ocorre porque há uma tendência à procura do hospital em vez da prevenção. No ano passado, a secretaria da Saúde apresentou na Câmara a cartilha “Bata na Porta Certa” como meio de esclarecer a população sobre qual o equipamento público mais adequado para cada caso. O ideal de atendimentos na prevenção seria de 63%. Entre janeiro e março de 2015 o total foi de 37,4%. O quadro geral de atendimentos segue tendência que vem desde 2010.
O secretário do Conselho Municipal das Associações de Moradores (Comam), Reinaldo Gonçalves, questionou os dados, dizendo que “era muito louco que estava sendo apresentado”. Segundo Reinaldo, “fala-se em prevenção, mas há um protelamento da prevenção”. Para ele, isso ocorre porque o atendimento não é direcionado ao especialista, mas condicionado à realização de outros exames, como o de sangue, que não levariam a um conhecimento imediato do problema de saúde do cidadão.
Agentes comunitários
A cobertura do programa Estratégia Saúde da Família (ESF) chega atualmente a 31,4% da população. A meta é alcançar 50%. Cada equipe de ESF deve cuidar de aproximadamente 4 mil habitantes. São 721 áreas de ESF na cidade abrangidas pelo projeto, e em cada uma das áreas deve haver um agente comunitário de saúde. Neste momento, 483 ACSs estão trabalhando.
Promessa
Com olhos no plano de governo do prefeito Udo Döhler, o vereador Odir Nunes acompanhou a explanação sobre os dados do ESF. O parlamentar questionou o que está faltando para que chegue a 100 o número de equipes do programa. O número atual, conforme a apresentação da Secretaria da Saúde, é de 61 equipes. A estimativa da secretaria é de que até o fim do ano sejam formadas mais 22 equipes, o que faria com que a cobertura do ESF atingisse 41% da população.
Como cada equipe deve ser formada por um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e por agentes comunitários de saúde. Para completar as equipes, a dificuldade tem sido a contratação de médicos, segundo Brückheimer. Ele explica que a falta de médicos se deve ao fato de que a maioria dos profissionais que passam nos concursos não são da cidade. “Os médicos aguardam todo o prazo do edital para decidir se vão assumir a vaga ou não”, explicou o coordenador do gabinete da Secretaria da Saúde.
Brückheimer destacou que Joinville é uma das poucas cidades do país que inclui na equipe de ESF um agente administrativo, o que facilita a compilação de dados.
Morro do Meio
O representante do Conselho Local de Saúde do bairro Morro do Meio, Eliezer Alves da Costa, irritou-se ao saber que a Unidade Básica de Saúde da Família do bairro contaria com apenas uma nova equipe de ESF. “Isso não é o que foi combinado”, disse Eliezer. Brückheimer alegou a decisão de reduzir o número ocorreu por ser difícil completar as equipes de ESF.
Reformas e construções
Devem ser concluídas em 2015, conforme os dados da Secretaria da Saúde, 13 obras em unidades de saúde. São 8 reformas e 5 construções novas.
Reformas:
PA Norte
PAM do Boa Vista
Policlínica do Costa e Silva
Policlínica do Vila Nova
UBS Edla Jordan
UBSF Jardim Paraíso 1
UBSF Jardim Paraíso 2
UBSF Paranaguamirim
Construções:
UBSF Aventureiro 1
UBSF Rio da Prata
UBSF São Marcos
UBSF Ulysses Guimarães
UBSF Vila Nova 1
Prestação de contas
A prestação de contas é realizada por exigência da Lei Complementar Federal 141/2012, e deve ser realizada três vezes por ano.