Alisson tem atrofia muscular espinhal desde o nascimento, uma doença genética e degenerativa que atinge o sistema motor. Aos sete anos passou a se locomover com cadeiras de rodas.

No campo da acessibilidade, para Alisson, “o poder público não ajuda o comerciante a se tornar acessível porque a legislação é focada apenas na punição”. Para o parlamentar, é preciso que a fiscalização seja invertida, focando na conscientização e na disponibilização de prazo para que o comerciante se regularize.

Um dos temas ligados à acessibilidade que podem surgir este ano é a revisão da Lei de Calçadas, que já estava em preparação na gestão anterior. Alisson está ciente da discussão, mas diz que vai aguardar o encaminhamento da proposta pela Prefeitura para a discutir com responsabilidade.

Além da fiscalização, Alisson cita outros dois pilares que vão nortear o seu mandato. Um deles é o da inovação e tecnologia, campo no qual possui experiência. Ele defende maior digitalização de processos do poder público. O pilar restante é o da redução de gastos e promoção da transparência, iniciando pelo próprio gabinete, mas alcançando outros campos do poder público.

O vereador é analista de sistemas formado pela Udesc e pós-graduado em gestão empresarial pela FGV. Alisson trabalhou por quase 12 anos na Totvs, tendo iniciado lá quando a empresa ainda se chamava Datasul. Antes de iniciar o mandato, Alisson também trabalhou em uma start up voltada ao desenvolvimento de softwares para o campo de vendas.

Alisson será o presidente da Comissão de Legislação, Justiça e Redação, a mais importante da Câmara, por ser aquela em que todas as proposições são avaliadas na sua conformidade ou não à Constituição e à legislação em vigor. O vereador integrará também a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. Nesta ele será membro.

Campanha, eleição e ameaças

Durante a campanha, a principal dificuldade, na visão de Alisson, foi a pandemia, que impediu a realização de reuniões. Outro empecilho observado pelo vereador foi o grande número de candidaturas ao cargo, resultado do fim das coligações.

Na eleição, Alisson somou 9.574 votos. Esse número o coloca como o segundo mais votado para vereador na história de Joinville, atrás apenas do recorde de Fernando Krelling em 2016, com 10.523. Porém, em termos percentuais, Alisson está à frente de Krelling, com 3,62% contra 3,58%, respectivamente.

A apuração foi difícil, observa, em razão dos problemas no supercomputador do TSE que centralizou a contagem em Brasília. Porém, como o nome de Alisson já estava na liderança nas duas primeiras prévias, ele e sua equipe já imaginavam que ele estaria entre os eleitos. “Só não conseguíamos projetar o quanto estaríamos na frente”, diz. A surpresa positiva, porém, trouxe simultaneamente alegria e responsabilidade.

Pouco tempo depois da divulgação dos resultados da eleição, o vereador mostrou solidariedade à vereadora Ana Lucia, que sofreu racismo e ameaças de morte. Ele também recebeu e-mails com ameaças de morte e agressões capacitistas nos dias seguintes pelo posicionamento. Atualmente a autoria dos ataques está sob investigação policial.

Outras tentativas

Alisson afirma sempre ter tido interesse em política, desde os tempos escolares, mas que isso foi efetivamente despertado quando, a partir de 2014, quando ele fazia palestras em empresas e universidades e começou a ser abordado por pessoas que viram seu potencial político.

Em 2016, ele foi candidato a vereador pela Rede Sustentabilidade, em uma candidatura que chamou de “experimental”, alcançando 1,7 mil votos e ficando como suplente. Em 2018, Alisson concorreu a deputado estadual pelo Podemos, quando conseguiu 10,6 mil votos.

Texto
Sidney Azevedo
Foto
Mauro Schlieck
Edição
Felipe Faria


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