Em uma reunião que mobilizou mais de 200 pessoas, moradores, comerciantes, líderes comunitários e religiosos do bairro Paranaguamirim acompanharam a proposta de implantação de um binário envolvendo o trecho inicial da avenida Kurt Meinert, a rua dos Mecânicos e trechos das ruas Bernardo Rech, Seis de Janeiro, João Soares e Espigão.

Embora a comunidade tenha votado a favor da proposta para a configuração do trânsito na região sugerida pelo Departamento de Trânsito, houve manifestações de preocupação com o desenvolvimento da região nos próximos anos.

A pavimentação da rodovia Rio do Morro já traz consequências para o bairro, observaram alguns dos moradores que falaram na reunião, enquanto outros pontuaram que o parque industrial em desenvolvimento pode trazer veículos pesados para as ruas da região.

Na edição do estudo Joinville Bairro a Bairro de 2017, a Prefeitura estimava que, em 2020, o Paranaguamirim estaria com 33,9 mil habitantes. Na época da publicação, mais da metade da população (54%) vivia com um salário mínimo.

O secretário de Proteção Civil e Segurança Pública, Paulo Rigo, afirmou na reunião que, com o aval da comunidade, as obras de implantação do binário (que envolvem pintura de ruas, mudanças de sinalização e alterações nos tempos dos semáforos) já poderiam ser executadas em abril. Rigo também frisou que a proposta não vai resolver todos os problemas do trânsito da região, mas que resultará em uma significativa melhoria.

Durante a apresentação do binário, o gerente de operações do Departamento de Trânsito (Detrans), Guilherme Belegante, explicou que a mudança resultaria em uma quantidade menor de acidentes na região. Atualmente, a maior quantidade de acidentes envolve batidas de carros e motos e estão concentrados na rua Monsenhor Gercino e na avenida Kurt Meinert.

Em 2019, pelo menos 189 acidentes foram registrados nas ruas da região. Os números caíram nos anos seguintes (167 em 2020; 158 em 2021), e Belegante atribui a queda à pandemia, observando que o retorno das atividades escolares traz um volume ainda mais elevado de tráfego.

O padre Jackson Rampelotti, pároco da paróquia Santa Luzia, frisou no início da reunião que, já em 2022, em menos de uma semana a comunidade do Paranaguamirim presenciou oito acidentes. “Não queremos ser uma cidade paralela”, afirmou, retomando um sentimento da população da região de que o bairro é esquecido em razão de sua distância. O binário fica a menos de 200 metros da igreja.

Atendendo a uma sugestão do padre, o presidente da CVJ, o vereador Maurício Peixer (PL) pediu a realização da reunião por meio de requerimento aprovado pelo Plenário. Além de Peixer, outros oito parlamentares estiveram na reunião.

Reunião Pública Paranaguamirim

Manifestações parlamentares

O vereador Lucas Souza (PDT) também manifestou preocupação com o desenvolvimento da região para os próximos anos. “Quem vem para o Paranaguamirim não consegue matricular uma criança uma criança em creche”, exemplificou. E afirmou que, no campo do trânsito, “não é só o fluxo interno que tem de ser melhorado; para além da Rio Velho são necessárias outras mudanças”, referindo-se ao tráfego entre o bairro e a região central da cidade.

Nesse campo, o vereador Claudio Aragão (MDB) defendeu a construção de pontes como forma de desafogar o trânsito da Zona Sul. Algo acompanhado pelos vereadores Brandel Junior (Podemos), Luiz Carlos Sales (PTB) e Cassiano Ucker (Cidadania). Wilian Tonezi (Patriota), por sua vez, defendeu um acesso alternativo à região, que saísse do eixo de acesso sul e fosse paralelo à rua Boehmerwaldt até a rodovia Rio do Morro.

Diego Machado (PSDB) destacou que é preciso aproveitar melhor as emendas parlamentares de origem federal e estadual. O vereador observou que essas verbas vinham de forma “desorganizada”, sem um diálogo com a Prefeitura para que se preparasse para o desenvolvimento dos projetos executivos das obras de pavimentação ou construção de prédios e equipamentos públicos. Isso resultava em perda do dinheiro, que podia ter de ser devolvido.

Tecnologia

Para realizar as simulações que permitiram chegar à proposta apresentada na reunião, os técnicos do Detrans utilizaram dados compartilhados pelo aplicativo de navegação por GPS Waze com a Prefeitura. A técnica é a mesma empregada na elaboração das alterações realizadas no cruzamento da Marquês de Olinda com a Ottokar Doerffel. Segundo essas informações, a probabilidade de os motoristas que trafegam pelas vias principais do bairro caírem em engarrafamentos está acima de três em cada quatro viagens.

Outros dados coletados em observação dos técnicos indicam que pelo menos 5.490 veículos passam pelo cruzamento da Monsenhor Gercino com a Seis de Janeiro. Destes, 72,7% são carros e 20,5% são motos.

Conforme a simulação apresentada, a perspectiva é de uma redução de pelo menos três minutos em cada viagem. Isso, estima a Prefeitura, resultaria em um ganho de produtividade na casa de R$ 10 milhões anuais e uma redução na emissão de gases do efeito estufa de 119 toneladas por ano.

Capela Mortuária

Os moradores do bairro também ouviram das autoridades municipais que o bairro receberá duas capelas mortuárias, a serem localizadas em imóvel do município na rua Frederico Rudolpho Germano Dumke. Segundo o secretário de Governo, Gilberto Leal, a obra está orçada em R$ 900 mil, e deverá conter 21 vagas de estacionamento. Peixer observou que a obra não terá ossário, a princípio.