Reunião conjunta das comissões de Cidadania e Educação debateu, na noite de segunda-feira (6), os episódios de intolerância religiosa e de racismo que se tornaram públicos em Joinville nos últimos meses.
Em abril, uma estudante joinvilense de 16 anos foi agredida na escola por falar de sua religião, a umbanda. Além disso, no mesmo mês, um caso de racismo aconteceu contra uma participante de uma reunião virtual do Conselho Municipal de Política Cultural.
A reunião na CVJ foi sugerida pela vereadora Ana Lúcia Martins (PT) após pedido do Conselho de Promoção de Igualdade Racial de Joinville (Compir). A vereadora afirmou que infelizmente casos de racismo não são novidade para os negros em Joinville. Para a parlamentar, é preciso encontrar estratégias práticas para que nenhuma pessoa negra sofra as consequências do racismo estrutural que permeia a sociedade.
Presidente da Comissão de Educação, Brandel Junior (Podemos) sugeriu que a Prefeitura estude um programa que apresente, nas escolas, estandes com todas as religiões de forma ecumênica. “Sou cristão e meu posicionamento é totalmente contra à intolerância religiosa e ao preconceito. O meu Deus que eu sigo me ensina que devo amar todos e não ter acepção de pessoas”, analisou o parlamentar.
Já o presidente da Comissão de Cidadania, Pastor Ascendino Batista (PSD), declarou que o racismo, a injúria racial e a intolerância religiosa são inaceitáveis atualmente na sociedade. Ascendino também afirmou que a Câmara está aberta para acolher essa temática.
A mãe da estudante que foi agredida por defender sua religião, Pricyla da Costa Bianchi, também é representante das Casas de religião de matriz africana no Compir. Ela afirmou que a única alternativa é ensinar os pequenos, já que nem a escola, na visão dela, está sendo local de acolhimento e respeito.
O presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Joinville, Edemar Vieira Júnior, pediu que medidas sejam tomadas para que casos como os que motivaram a reunião não voltem a ocorrer. Ele classificou as ocorrências como muito graves.
O representante do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Univille, Rhuan Carlos Fernandes, opinou que Joinville trata mal quem não faz parte do aspecto germânico. Para ele, a população negra não tem liberdade religiosa na cidade.
O secretário de Educação, Diego Calegari, lamentou o ocorrido, e afirmou que infelizmente as escolas não são impermeáveis aos problemas que ocorrem na sociedade, como é o caso do racismo. Ele garantiu, entretanto, que uma disciplina que contempla todas as religiões está no currículo da rede municipal de ensino.
Representantes do movimento negro de Joinville usaram a palavra para lamentar que a reunião teve a presença de apenas três vereadores.