Na noite desta quarta-feira (15), a Comissão de Urbanismo ouviu moradores da região do bairro Paranaguamirim acerca da revisão do Plano Diretor de Joinville (Projeo de Lei Complementar nº 61/2018). A finalidade do Plano Diretor é nortear a política urbana e a previsão de diretrizes para áreas da saúde, educação, habitação, segurança, cultura, turismo, entre outras, além de traçar parâmetros para o desenvolvimento sustentável da cidade. Vale lembrar que o Plano Diretor deve ser revisado a cada dez anos, pelo menos, com a participação dos munícipes por meio de audiências públicas.
Segundo Diego Machado (PSDB), presidente da comissão, o Plano Diretor vigente de 2008 não passará por grandes mudanças, porém, é necessário discutir e apontar os rumos das políticas públicas vigentes. Wilian Tonezi (Patriota), relator do projeto, diz que a meta da Comissão de Urbanismo é viabilizar a aprovação do projeto até o fim do ano, e cobrou dos moradores para que enviem sugestões pelo e-mail planodiretor@cvj.sc.gov.br.
A discussão com a lideranças e moradores dos bairros que abrangem a subprefeitura sudeste (Adhemar Garcia, Fátima, Guanabara, Jarivatuba, João Costa, Morro do Amaral (área rural), Paranaguamirim e Ulysses Guimarães) ocorreu na Paróquia Santa Luzia, que fica na rua Monsenhor Gercino.
A região tem mais de 100 mil habitantes (IBGE, 2020) e é considerada uma das mais carentes de Joinville. Houve aproximadamente 70 moradores na audiência pública. Alguns cobraram dos vereadores um olhar especial para a região sul, que sofre com enchentes, falta de saneamento básico, infraestrutura deficitária e crescimento desordenado, segundo os moradores.
Comunidade
Angela Andrezejewski, representante da comunidade da Servidão Primeiro de Janeiro, disse que a zona sul ficou esquecida por longos anos, pois carece de saneamento básico, saúde, segurança, lazer, mobilidade, acessibilidade e habitação. Hoje ela se sente mais esperançosa, pois conseguiu ser ouvida pelas vereadoros Tânia Larson (PSL), Ana Lucia (PT), Diego Machado (PSDB), Kiko Restaurante (PSD), Brandel Jr (Podemos) e Sales (PTB).
Sônia Antunes, moradora do bairro Paranaguamirim, demonstrou grande preocupação com os jovens da região. Ela cobrou a inclusão de uma escola técnica, criação de quadras poliesportivas e um programa de iniciação desportiva que contemple a região da subprefeitura Sudeste.
Morador do bairro Adhemar Garcia há mais de 36 anos, Reinaldo Pscheidt Gonçalves disse que participou das oficinas para a revisão do Plano Diretor, mas que as discussões e os apontamentos promovidos nelas não constam no Plano Diretor, o que ele considera um desrespeito.
O presidente do conselho local da saúde, Odirlei Grabner, mencionou que infraestrutura urbana, mobilidade, saúde, educação são o anseio da população.
O farmacêutico Gentil Coradelli disse conhecer a realidade da região sul, pois é morador dali há mais de 43 anos. Coradelli pediu um olhar especial dos líderes políticos para mais segurança, emprego, lazer e educação.
Padre Carlos Alberto da Silva, da Paróquia São Miguel Arcanjo, destacou que a região sul “clama por socorro”, nas palavras dele, e “se entristece em ouvir que o bairro Paranaguamirim é o penico de Joinville e onde o crime dorme”, também nas palavras dele.
Vereadores
O presidente da CVJ, Maurício Peixer (PL), disse que a reivindicação da comunidade é importante para o desenvolvimento da cidade. Ele destacou que vereador não faz obras, mas as reivindica.
Brandel Jr (Podemos), pediu para que seja contemplada no Plano Diretor uma escola técnica para região sudeste.
Claudio Aragão (MDB) destacou as obras que logo estarão em andamento, como a ponte do Adhemar Garcia, que deve começar em 2022, e vai unir os bairros Adhemar Garcia e Boa Vista. Outra obra que deve sair do papel é a macrodrenagem do rio Itaum-açu. Segundo Aragão, o Plano Diretor dará “um novo ajuste para a zona sul”.
Ana Lucia Martins (PT) mencionou que é necessário intermediar os pedidos da comunidade junto à Prefeitura. É uma missão para ela enquanto vereadora ouvir, acolher e assumir o compromisso de cobrar o Poder Executivo.
Tânia Larson (PSL) comentou que Joinville expandiu turisticamente para “o lado errado”, nas palavras dela, e que o Morro do Amaral poderia ser melhor explorado. Ela destacou que é importante numa sociedade civil dar voz às mulheres e que é necessário, ir além da escola técnica para jovens e criar cursos profissionalizantes para as mulheres. Tânia destacou que serão feitas emendas à proposta do Plano Diretor e, por isso, a importância das audiências públicas e das sugestões enviadas pelos munícipes.
Érico Vinicius (Novo) disse que seu maior objetivo era mudar a “regra do jogo”, referindo-se a entraves em legislações estaduais e federais que impactam o desenvolvimento da cidade sem que os vereadores possam solucioná-los, já que estão aquém da jurisdição municipal.
O Vereador Sales (PTB) disse que é necessária a criação de uma sociedade organizada para clamar por políticas públicas e a subprefeitura Sudeste provou ao lotar a Paróquia Santa Luzia que todos querem mudanças.
O vereador Neto Peters (Novo), por sua vez, destacou que o Morro do Amaral necessita de melhor infraestrutura. Também chamou a atenção para que evitem novas construções, pois é uma área de preservação ambiental.
Peters também comentou que “é uma vergonha Joinville ter somente 40% do esgoto tratado”, nas palavras dele. O vereador alertou que este ano haverá um crescimento de apenas 5% neste quesito, mas que até 2033 a estimativa é de 90% de cobertura.
O presidente da Comissão de Urbanismo, Diego Machado (PSDB) fez um encaminhamento para que prefeito, vice-prefeita e secretários se façam presentes numa reunião com a comunidade para ouvirem os anseios dos moradores. MAchado pediu para que o líder de governo na CVJ, Érico Vinicius (Novo), faça o convite.
Mais audiências Públicas
Iririú, 27 de setembro, às 19h30, na Sociedade Alvorada Joinville, que fica na rua Iririú, 1073. Bairros envolvidos: Boa Vista, Comasa, Espinheiros (área urbana e rural), Iririú, Jardim Iririú e Zona Industrial Tupy.
Nova Brasília, 4 de outubro, às 19h30, na Igreja Santa Clara, que fica na rua Francisco de Souza Vieira, 842. Bairros envolvidos: Morro do Meio (áreas urbana e rural), Nova Brasília e São Marcos.
Boehmerwald, dia 7 de outubro, às 19h, no Centro Educacional e Social do Itaum, que fica na Rua Monsenhor Gercino, 1040. Bairros envolvidos: Boehmerwald, Floresta, Itaum, Itinga, Parque Guarani, Petrópolis, Profipo e Santa Catarina.