A decisão de Joinville não participar de eventos esportivos em 2021 foi tema de uma discussão na Comissão de Educação da Câmara de Vereadores esta semana. O próprio presidente da Comissão, vereador Brandel Junior (Podemos) foi quem apresentou requerimento verbal para ouvir o secretário Municipal de Esportes (Sesporte), André Mendonça Furtado Mattos. “Temos sido cobrados por de pais de atletas e pelas associações. Precisamos entender o que levou a esta situação”, alega o parlamentar.
O secretário Mattos iniciou confirmando que Joinville participará dos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC). Mas em eventos como os Joguinhos Abertos, a Olimpíada Estudantil Catarinense (OLESC) e os Jogos Abertos Paradesportivos (Parajasc), Mattos alegou ser inviável a participação por questões de instabilidade de datas e locais para a realização dos mesmos. Com isso impossibilitou qualquer processo licitatório em tempo hábil para atender os atletas ou garantir a segurança dos mesmos.
“Foi a decisão mais difícil que tomei enquanto secretário e não estou feliz. Queremos a valorização do esporte. Ficamos na dependência da Fesporte (Fundação Catarinense de Esporte)”, falou Mattos. Ele ainda destacou que a equipe da Sesporte é bastante responsável e tem competência, mas lembra que todos trabalham com planejamento.
De acordo com Mattos, o calendário oficial dos jogos foi publicado pela Fesporte apenas no dia 23 de setembro e a data para confirmação da participação das equipes seria até a terça-feira (28). “Isso inviabilizou qualquer possibilidade. Repito que aqueles que temos condições de participar, faremos. O esporte é de todos e faremos sempre o possível para que os atletas participem”, reforçou.
O secretário ainda explicou que foram atrás de alternativas para participar. “Tentamos vários formatos, por dispensa de licitação e outras medidas, mas temos vários pareceres que não permitem. E só nos restou um processo licitatório, que em menos de 4 meses dificilmente ocorre em qualquer órgão público. E ainda temos várias situações não definidas”, justificou.
Vereadores questionam alternativas
O vereador Brandel Junior lê manifestações de pais de atletas e questiona o motivo de não possibilitar a participação dos atletas de forma privada. O secretário Mattos disse que é responsabilidade da prefeitura enquanto delegação. “Qualquer problema que aconteça, desde viagem, até a participação de evento, é do município, não é associação a ou b”, explicou o secretário.
O presidente da Comissão também questionou se uma Parceria Público-Privada ou outra forma de arcar com as despesas. O secretário justifica que a hospedagem é de responsabilidade da Fesporte. Ele ainda destacou que o transporte não é o problema. Mas que a alimentação e a responsabilidade pela segurança dos atletas são do município. “Mas precisamos planejar melhor”, defendeu.
Mattos destacou que os atletas estão competindo e recebendo apoio. “Continuaremos apoiando com bolsa atleta, o bolsa técnico. Não há ninguém na secretaria irresponsável. Estamos lá trabalhando. E os nossos atletas estão participando de outras competições”, reforçou.
A vereadora Ana Lucia (PT) disse que não há explicação que justifique a frustração de pais, atletas e professores. “Concordo que é preciso respeito e organização. Chamo a atenção do Estado que pergunto se não houve tentativa de diálogo dos municípios com a Fesporte”, pontuou a vereadora. O secretário explica que foram várias tentativas. “Realmente buscamos uma solução, mas não houve. Outros municípios também não irão participar”, garantiu.
O vereador Sidney Sabel (DEM) também questionou sobre as licitações, mas também perguntou sobre uma possiblidade de apoio empresarial. O secretário mais uma vez defendeu que é preciso de um objetivo bem definido para poder licitar alimentação, com quantidade e locais específicos.
Para o vereador Lucas Souza (PDT), a falta de organização foi em nível estadual. “Só nos resta lamentar. Eu tenho plena convicção de que era, sim, possível a nossa participação este ano na competição. Outros municípios conseguiram fazer a contratação direta. Um pouco de receio neste processo acabou impossibilitando a participação dos nossos atletas”, avaliou o parlamentar.
Covid-19 e socialização
Preocupado com a pandemia, o vereador Neto Petters (Novo) perguntou se seriam realizados testes de covid-19 nos atletas participantes. Conforme informações do secretário, após alterações das portarias que regem os jogos no Estado, para eventos realizados pela Fesporte não há necessidade de testes.
Já o vereador Cassiano Ucker (Cidadania) lembrou que o atleta e toda a família sofrem com essa questão. “É um momento social, hoje as pessoas estão precisando deste convívio. Peço que seja realmente revisto se não há possiblidade de uma parceria com pais de atletas ou outro recurso”, insistiu.
O vereador Henrique Deckmann (MDB), preocupado com a desmotivação dos atletas, questionou sobre a possibilidade de realização de outros eventos esportivos na cidade. O secretário disse que há outras competições municipais sendo pensadas para não deixar de incentivar os atletas. O secretário repetiu que os atletas joinvilenses têm tido apoio e incentivo para outras competições.
Questionado sobre o montante necessário para viabilizar a participação das competições o secretário Mattos afirmou que com R$ 110 mil seria possível garantir alimentação para todo até as finais dos jogos. “Não é a questão do valor, mas do processo de contratação. E somado a isso, toda a instabilidade gerada com todas as modificações de locais, datas e formato das competições. Esse é o fator principal”, concluiu.
Mattos mais uma vez explicou que no caso do JASC, as definições ocorreram meses antes, o que possibilitou um planejamento dos municípios, permitindo a participação. O vereador Érico Vinicius (Novo) disse se colocar no lugar de um pai. “Eu questiono se deixaria seu filho participar de um evento, com tantas incertezas. Isso também deve ser levado em conta. Mas reconheço a tristeza de todos neste momento”, pontou.