RESUMO: A Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Joinville discutiu o atendimento a diabéticos tipo 1, especialmente crianças, para as quais as picadas diárias para medir a glicose são um grande desafio. A Associação de Diabéticos de Joinville (Adijo) defendeu a adoção do FreeStyle Libre, um sensor moderno que dispensa as picadas. A Secretaria de Saúde do município informou que não tem recursos para comprar o equipamento, que é de alto custo, e que a adoção de novas tecnologias no SUS depende da aprovação federal. Um teste do dispositivo está em andamento em Florianópolis, e o resultado pode influenciar a disponibilização em Joinville futuramente.

A Comissão de Saúde da CVJ recebeu convidados, nesta quarta-feira (27), para discutir o atendimento a pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 1, principalmente as crianças. Quem propôs o assunto foi o vereador Franciel Iurko (MDB).

“A gente sabe que o diabetes é uma doença crônica e dos desafios diários de quem convive com ele, principalmente quando se é criança”, disse Iurko, “e uma das dores são as picadas diárias [para medir a glicose], que já são difíceis para adultos, imagine para crianças.”

A presidente da Associação de Diabéticos de Joinville (Adijo), Claudia Medeiros Soares, explicou que oferece acolhimento e informação a quem recebe o diagnóstico, além de buscar avanço nas políticas públicas para os diabéticos. “Não é fácil receber o diagnóstico, e depois tem todas as mudanças, como na alimentação”, afirmou.

Claudia defendeu a oferta de um método mais moderno de monitorização da glicose, o FreeStyle Libre, que utiliza um sensor que se aplica no braço e dispensa as picadas frequentes no dedo. Segundo o fabricante, “através de um escaneamento com um leitor ou um smartphone com a aplicação LibreLink, é possível obter o nível atual de glicose, um histórico das últimas 8 horas e uma seta de tendência, oferecendo informações sobre a variação da glicose sem um processo doloroso.”

Adriana, mãe do Pedro, de 5 anos, disse que a tecnologia salva a vida do filho, já que o apito chama a atenção da professora quando a glicemia está baixa. “Além do apito, têm os gráficos, a médica consegue ver a hora em que eu estou errando a glicemia do Pedro”, explicou. Segundo ela, 64 crianças têm diabetes tipo 1 nas escolas de Joinville.

Vereador Franciel Iurko, proponente da discussão/Mauro Schlieck/CVJ

Medidor em teste em Florianópolis

A adoção desse método por aqui está nos planos da Secretaria Estadual de Saúde, segundo o vereador Neto Petters. Segundo ele, um teste está sendo feito em Florianópolis e, dependendo dos resultados, poderá ser estendido a Joinville.

Município não tem recursos para compra

Já a diretora administrativa e financeira da Secretaria de Saúde de Joinville Jocelita Colagrande informou que o SUS trabalha com protocolos técnicos analisados pela Conitec, que estuda a adoção de novas tecnologias, e não teria aprovado a nova metodologia.

Como o equipamento tem alto custo (entre R$ 500 e R$ 600, com 14 ou 15 dias de duração), de acordo com Jocelita, ele deveria ser disponibilizado pelos governos estadual e federal, já que o município não tem recursos para essa finalidade. Uma nova conversa com o secretário estadual de saúde deve ser feita.

O município atende a cerca de 2,5 mil pacientes com diabetes, com financiamento do SUS. As escolas têm cardápios adaptados, com cozinheiras recebendo treinamento.

Moção e atendimento nas escolas

Proponente da discussão, o vereador Franciel Iurko vai propor uma moção ao governo estadual para que disponibilize o Libre, via comissão, e sugeriu aproximar a associação de diabéticos das escolas para que promova palestras. Além disso, para ele, devem ser feitas campanhas de conscientização sobre o diabetes tipo 1.

 

Comissão de Saúde de 27/8/25/Mauro Schlieck/CVJ

Entenda o diabetes

Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo, segundo o Ministério da Saúde.

O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional.

A melhor forma de prevenir é praticando atividades físicas regularmente, mantendo uma alimentação saudável e evitando consumo de álcool, tabaco e outras drogas. Comportamentos saudáveis evitam não apenas o diabetes, mas outras doenças crônicas, como o câncer.

***A foto que ilustra essa reportagem é creditada a Bruno Todeschini/Agencia RBS.

Deixe um comentário