Os banhistas que tiram os finais de semana para visitar os rios da zona rural de Joinville têm tirado a paz de moradores da região, conforme os relatos ouvidos pelos vereadores da Comissão de Proteção Civil nesta terça-feira (26). Entre as preocupações levantadas por presidentes de associações de moradores estão o consumo de álcool e drogas ilícitas, a desorganização do trânsito, o lixo e o vandalismo.
Proponente da discussão, o vereador Adilson Girardi (MDB) pediu a elaboração de um plano de ação para o próximo verão, de forma a conter os danos. O parlamentar focou nos problemas que têm ocorrido no rio Piraí, na zona rural do bairro Vila Nova.
O vereador Sidney Sabel (União Brasil), por sua vez, afirmou que neste verão os problemas na zona rural de Pirabeiraba passaram por “uma melhora considerável”, e destacou o papel do Conselho de Segurança do bairro, bem como de outras instituições.
A presidente da Associação de Moradores da Estrada dos Morros (Amem), Silvia Brümmer, evidenciou a tensão entre moradores e banhistas ao afirmar que “são pessoas que não agregam valor nenhum para a região”.
O relato foi corroborado pelo presidente da Associação de Moradores das Estradas do Sul e Blumenau, Marcos Trapp. Ele afirmou que, se fosse para escolher hoje, não investiria na região. Ele reclamou dos excessos sonoros e citou que há pessoas que chegam a ameaçar moradores com facão.
O vereador Diego Machado (PSDB) observou que é um fenômeno que já ocorre há alguns anos e frisou que é um movimento que não gira a economia da região, porque os banhistas já levam sua própria comida e bebida para as margens dos rios. Outra coisa, segundo o parlamentar, são os parques aquáticos e pesque-pague da região, que trariam mais recursos.
“O agricultor tem suas plantações invadidas, saqueadas… É um termo pesado? É um termo pesado. Parece que não é termo para ser usado em Joinville, mas sim! É isso que está acontecendo”, afirmou Machado, ao relatar casos de derrubadas de cercas em roças de aipim e bananas, que aconteceriam, em geral, depois das 14h ou 15h de domingos.
Como possível solução, Machado sugeriu o uso do Código de Trânsito: “Você fez uma blitz bem feita num domingo à tarde no Quiriri e no Pico e levou uma cegonha cheia de carro e de moto, pode ter certeza que o negócio vai acalmar e acalmar muito”, ainda que reconheça que uma medida dessas pudesse prejudicar moradores da região.
Sobre essa questão, Girardi questionou se os agentes de trânsito de Joinville precisam estar acompanhados por policiais militares para fazerem notificações a veículos ou munícipes que estejam desrespeitando as leis. O gerente de proteção da Defesa Civil, Maico Richter, observou que há um convênio entre a PM e o município que delega competências entre município e estado autorizando emissão de notificações ou multas. Porém, isso não impede que ações conjuntas dos órgãos de segurança sejam realizadas.
Representante da Polícia Militar na reunião, o major Daniel Screpanti disse que 309 ações foram realizadas na zona rural ao longo de 2021 e que, neste ano, 289 patrulhamentos já foram feitos neste ano, tendo foco nos finais de semana. As ações, observou, contam com apoio da Polícia Militar Ambiental, da Guarda Municipal e da Defesa Civil. Para Screpanti, o problema não é que se curta a região, mas que se o faça com respeito, e detalhou: “uma solução não depende só da PM”.
Major da Polícia Militar Ambiental, Vitor da Maia explicou que sua unidade atua na proteção ao meio ambiente em 15 municípios, entre Itapoá, Barra Velha e São Bento do Sul. Isso faz com que, embora a base da polícia seja no Piraí, por vezes o efetivo tenha de se dividir para cobrir ocorrências em diferentes locais.
As principais ações estão no combate à invasão e ao desmatamento da mata ciliar, bem como à poluição de rios. Para atuar nessas frentes, a unidade conta com barcos, o que facilita a patrulha em casos como esse.