Os vereadores das comissões de Legislação, de Finanças e de Saúde fizeram nesta segunda-feira à noite (15), no plenário, uma reunião extraordinária para ampliar as discussões do Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 41/2022, que estabelece o piso salarial dos agentes comunitários de saúde (ACS) e dos agentes de combate às endemias (ACE).

Ainda à tarde, o vereador e presidente de Legislação, Alisson Julio (Novo), designou-se relator desse projeto. Como convidados para os debates, estavam presentes representantes da Procuradoria-geral do Município (PGM), da Secretaria de Saúde, da Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) e do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej).

A secretária de gestão de pessoas de Joinville, Cinthia Friedrich, reforçou que não é somente o salário que aumenta com o novo piso estabelecido por meio de emenda constitucional, mas também as vantagens, como o adicional por tempo de serviço, o chamado triênio. Hoje o município conta com 494 agentes comunitários e 60% já acumulam esse adicional em algum patamar.

Comissões Conjuntas Saúde Legislação FinançasA presidente do Sinsej, Jane Becker, pontuou questões da emenda constitucional que não foram contempladas no PLC 41. Ela reforçou a necessidade da garantia de manutenção da gratificação no salário dos agentes, prevista na Lei Complementar nº 301/2009. “Quando se diz que essa gratificação sobrecarrega financeiramente o município, está ocorrendo um equívoco”, afirmou Jane. “Ela já compõe a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), então não vai ampliar os gastos”, acrescentou.

A sindicalista apelou para que a Câmara e a Prefeitura cumpram a emenda como originalmente aprovada em Brasília. Ela ainda repudiou a forma que o governo municipal e a Secretaria de Saúde têm tratado os ACS e ACE.

Uma representante dos agentes comunitários que se manifestou durante a reunião repudiou uma suposta atitude de gerentes distritais, que, segundo ela, pediram para que as coordenações não assinassem o abono das faltas motivadas pela reunião extraordinária da Comissão de Legislação da última terça-feira (9), em que o tema também foi debatido.

Na ocasião, Jane Becker pediu à Prefeitura que realizasse o abono. Além disso, reforçou novamente a discrepância entre o projeto de lei e a emenda constitucional, evidenciando a necessidade de garantir os direitos adquiridos.

O secretário municipal da Saúde, Andrei Kolaceke, reforçou que o município não economiza com as alterações previstas no PLC 41, e que ainda ocorrerá o aporte de quase um milhão de reais para as vantagens consonantes com o aumento do piso.

Ainda comentou que a SGP estimou que um(a) agente de saúde que teve ingresso em 2021, por exemplo, terá uma acréscimo de R$ 778 em relação ao atual piso. Para o(a) agente que ingressou em 2008, esse aumento será de R$ 907. Já para o(a) agente que ingressou em 2002, o valor será de R$ 971.

Ele acha que esses aumentos salariais podem afetar diretamente a contratação de novos profissionais para as equipes de Saúde da Família. Após esse argumento, Kolaceke foi fortemente vaiado pelos servidores.

Comissões Conjuntas Saúde Legislação FinançasO que disseram os vereadores

Henrique Deckman (MDB) ressaltou a necessidade do acréscimo salarial e a importância dos agentes de saúde. Ele comentou que os indicadores e mapeamento promovidos pelo Ministério Público, para acompanhar os investimentos na prática, deverão servir de motivação, em caso de resultados positivos, para mais compensações aos agentes no futuro.

O vereador Alisson Julio (Novo) comentou que as ações e investimentos na área da saúde vão se refletir dentro dos hospitais. Também pontuou que o projeto encaminhado é obrigatório para que o município autorize o pagamento aos servidores da saúde, e que o dever da Comissão de Legislação é, unicamente, analisar se o projeto, da forma que foi enviado, cumprirá todos os requisitos de legalidade.

Brandel Junior (Podemos) disse que, se a somatória de valores oriundos do governo fFederal vai impactar ou não ao município, isso não diz respeito aos agentes, mas sim a gestão municipal. Aos agentes, segundo Brandel, cabe apenas receber o que lhes é devido. “Se não tivermos um trabalho efetivo lá na ponta, ficará mais caro no hospital”, advertiu. “Primeiro temos de investir, para depois termos o retorno”, finalizou.

O vereador Alisson, após as falas, requereu prioridade ao parecer técnico da subprocuradoria legislativa da Comissão de Legislação, para analisar, com base nos pontos abordados na discussão, a validade deste projeto, que segue em pauta e ainda deve passar por análise de mérito em Saúde e em Finanças.