A Câmara de Vereadores de Joinville deu início na noite desta quarta-feira ao Fórum Municipal da Pessoa com Deficiência: Desafios e Panorama Sobre Autismo. Estavam presentes representantes das secretarias de Joinville, da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência da OAB e do Joinville TEAcolhe, além do palestrante da noite, o psiquiatra Felipe Becker, formado em Psiquiatria da Infância e Adolescência.

O presidente da Câmara, Mauricio Peixer (PL), abriu o fórum, parabenizando os funcionários, servidores e instituições envolvidas pela motivação das palestras. “Esse fórum tem como objetivo orientar e alertar as famílias nos casos de autismo, além de combater a discriminação” ressaltou Peixer.

O secretário da Educação de Joinville, Diego Calegari, comentou que o tema passa por todas as secretarias e, segundo ele, precisa ser tratado no âmbito educacional, de saúde, empregatício e social. “É um trabalho de muitas mãos”, pontuou. “Quando fazemos um trabalho de política pública, precisamos construir com quem entende do assunto, com quem está lá na ponta lidando com a situação”, finalizou.

Um dos objetivos da realização do fórum, proposto pelo vereador Brandel Junior (Podemos), é dar mais autonomia para os pais e escolas, visando uma cidade receptiva para pessoas com o espectro autista. Para ter uma ideia, o índice de diagnósticos de pessoas com TEA e de laudos em análise na rede municipal aumentou 80% em 2021.

A pauta é defendida pelo vereador, que protocolou em agosto deste ano o Projeto de Lei nº 203/2022. O texto está em tramitação e propõe um censo municipal para coletar dados da situação socioeconômica de pessoas com autismo e familiares. “Só com dados poderemos fazer políticas públicas efetivas”, afirmou.

Prescrições equivocadas

O médico Felipe Becker apresentou a principal palestra da noite, trazendo questões relacionadas à psiquiatria da infância e adolescência, especialidade dele. Ele apontou a necessidade de um tratamento psiquiátrico que una teoria e prática no tratamento de crianças autistas. A indicação equivocada de remédios, por exemplo, é um fator que prejudica o avanço da causa e afeta diretamente o desenvolvimento da criança.

Ele também citou os familiares como parceiros necessários para o tratamento e desenvolvimento das crianças e adolescentes com TEA. “O suporte psiquiátrico e psicológico dos cuidadores é essencial,” pontuou. “Não existe tratamento sem a participação da família”.

Becker também é coordenador do Serviço de Internação Psiquiátrica do Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria desde 2012. O hospital inaugurado em 2008 é referência em assistência especializada na área da pediatria, além de ser totalmente custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e ter apoio do Governo do Estado. Dentre os quadros clínicos tratados estão o TEA, a esquizofrenia, depressão grave, Transtorno Afetivo Bipolar, entre outros.

Ao final da palestra, quando abriu-se espaço para perguntas, a diretora-executiva da Associação Catarinense de Construtores e Afins (ACCA), Mirna Rubia Commandulli, que é mãe e avó de pessoas com deficiência, ressaltou a importância do fórum. “O maior medo de uma mãe é que, quando morrermos, quem vai cuidar dos nossos filhos? Quem vai estar lá por eles?”, perguntou. “Nós somos o hoje deles, e nós temos de defender o amanhã deles”.

O fórum ocorre até amanhã (23), com palestras da dra. Bruna Lavaco e do criador do canal “Diário de um Autista”, Marcos Petry.