Sem saber, os joinvilenses desembolsaram quase R$ 55 mil — só nos últimos 90 dias — para cobrir os custos de reposição de materiais e equipamentos de iluminação pública. A informação é da diretora-executiva da Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Janaína Ferreira Teixeira, repassada aos vereadores da Comissão de Urbanismo na reunião ordinária desta terça-feira (9).
E esse valor, certamente, é maior, porque os dados apresentados são apenas dos 10 pontos mais críticos de furtos. É preciso levar em conta todos os demais pontos da cidade em que esse crime ocorre e o fato de que só a Prefeitura trouxe dados para a reunião.
O gerente técnico do escritório regional Celesc em Joinville, Sérgio Luiz Berkembrock, que não apresentou valores do prejuízo da concessionária, mas disse aos vereadores que já foram registrados mais mil boletins de ocorrência em Joinville. “A Celesc, quando calcula sua tarifa, leva em conta, sim, esse gasto, e isso gera alguns centavos a mais na conta de todo mundo a cada mês”, admitiu o gerente.
A discussão na Comissão de Urbanismo desta terça-feira sobre os problemas enfrentados pela Prefeitura na manutenção da iluminação pública foi proposta pelo vereador Neto Petters (Novo). Ele queria compreender, na verdade, o que é função da Prefeitura e o que é função da Celesc na prestação desse serviço.
Janaína Teixeira, da Seinfra, explicou que o município é o responsável pela instalação e manutenção da haste metálica e da luminária, pela fixação mecânica desse conjunto e pelo circuito elétrico. A Celesc, então, cede a fiação e o poste, que já são partes naturais da sua rede de distribuição de energia elétrica.
A iluminação e também uma parte dos gastos de reposição dos insumos furtados recaem sobre os consumidores, por meio da Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (Cosip), paga na fatura da Celesc, mas gerida pela Prefeitura.
De acordo com a diretora-executiva da Seinfra, o Parque da Cidade, no bairro Guanabara, é o ponto mais crítico de furtos de cabeamento elétrico em Joinville. Somente daquele local, nos últimos 90 dias, foram levados cerca de dois quilômetros de fios, além de quadros elétricos e disjuntores.
O segundo ponto em que mais há prejuízos para a cidade é a Ponte do Trabalhador, que liga os bairros Guanabara e Boa Vista. De lá foram levados 1.845 metros nos últimos três meses, inclusive com danos físicos à ponte. O terceiro local no “ranking” é a Praça Afonso Nass, no Jardim Sofia, com 1.400 metros de fiação surripiados.
Os 10 pontos de Joinville relacionados pela diretora-executiva Seinfra somam 8.445 metros de cabos levados pelos bandidos. Isso equivale à distância de 80 campos de futebol (iguais ao da Arena Joinville) perfilados de trave a trave ou à distância, em linha reta, do Parque Zoobotânico, no bairro Saguaçu, ao Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola, no Cubatão.
Melhoria
Apesar das dificuldades com a bandidagem, o serviço de iluminação pública vem melhorando, mostrou Janaína Teixeira por meio de gráficos durante a reunião com os vereadores. É que em abril último houve a contratação de uma empresa para manutenção do serviço.
Joinville tem 58.310 pontos de iluminação pública, entre viários, praças e parques. Destes, 46% já são de led, que iluminam melhor e duram mais. Os 54% restantes ainda são de vapor de sódio, em sua maioria.
Em abril, no início do contrato, o índice de falhas era de 12,31%, o que significava em torno de 7,1 mil lâmpadas apagadas. Ao longos dos meses esse índice veio em queda, até chegar a outubro em 1,24%, o que representa e torno de 700 lâmpadas com problemas. A meta da Prefeitura é não passar de 2% ao mês.
Janaína mostrou também que, na medida em que as lâmpadas foram sendo consertas, o número de reclamações na ouvidoria da Prefeitura caiu. Em maio, auge, regitraram-se 1.553 reclamações de munícipes. Em outrubro, apenas 456, o que permitiu também melhorar o tempo médio de resposta aos cidadão para três dias e 58 minutos.
Vigilância
“Todos os dias temos furtos de cabos em parques e praças. Em vez de avançarmos para um novo serviço, temos de voltar para um ponto já atendido previamente para refazer o trabalho”, afirmou Janaína.
Os vereadores Henrique Deckmann (MDB) e Wilian Tonezi (Patriota) fizeram um apelo para que as pessoas denunciem os criminosos. “Em tempos em que tudo é monitorado por câmeras, é impossível que não tenhamos vários flagrantes desses meliantes em atuação”, ponderou Deckmann.
Tonezi pediu à população que denuncie os bandidos à polícia por meio do telefone 190, e também que não compre produtos elétricos notadamente furtados de equipamentos públicos.
Também participaram do debate os vereadores Adilson Girardi (MDB) e Sidney Sabel (Democratas).