Pela passarela Charlot, leva dois minutos para sair da Câmara de Vereadores e chegar ao “centro administrativo” da Capital Nacional da Dança. Do outro lado do rio Cachoeira, os dançarinos – autoridades locais durante os dias de festival – se aquecem para pisar no palco joinvilense 800 dias depois da última edição do evento. Desde que estiveram na cidade, em julho de 2019, vacina não era passaporte para o mundo da dança, como agora. Mas as máscaras, pelo menos, podem ser tiradas no palco, para a satisfação de Kamila Fontes. “Não dava para me expressar como eu gostaria, você perde o ar, fica ofegante”, disse a bailarina de 16 anos, de Florianópolis.

Na tarde desta quinta-feira (7), Kamila e Beatriz Figueiredo, de 14 anos, tiraram o fôlego do público, esse de máscara, ao se apresentarem vestidas e maquiadas como gatas no palco da Feira da Sapatilha. A coreografia remetia a “Cats”, um musical norte-americano. Nos bastidores, elas contam que os dias de ensaio, sem apresentações, em razão da pandemia, aumentaram o nervosismo da reestreia em Joinville. “É muito triste ensaiar e não poder se apresentar”, diz Beatriz.

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Aos poucos, a feira vai saindo da batida lenta da pandemia. Mariana Fernandes tem um estande de sapatilhas e artigos de dança. O movimento de clientes caiu pela metade, ela notou, nos últimos dias, com a capacidade reduzida de frequentadores no centro de exposições. A crise econômica também pesa, fazendo os clientes reduzirem os gastos. O trailer de açaí, do lado de fora, no entanto, já vende quase o mesmo das edições anteriores.

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Saindo da bilheteria, ao lado das salas de aplicação de vacinas contra Covid-19, no Centreventos, Gabriel Ferreira Santos, de 21 anos, está nervoso, mesmo com onze anos de carreira. Sua apresentação solo neoclássico é nesta sexta-feira (8), na categoria sênior masculino. A companhia dele, a Phalibis Cia. Jovem, de São Paulo, trouxe 12 bailarinos para conhecerem o evento, que consideram o grande palco do Brasil. O coreógrafo Rafael Trevisan diz que a maior “briga” neste tempo de indefinições não foi física, mas “emocional”. Eles estavam preparados para viajar a Joinville, em 2020, quando o Festival de Dança fora cancelado, mais uma vez.

Imunizada com duas doses, a paraense Concita Moraes Costa, de 52 anos, tirava selfies com a filha e os netos na sapatilha gigante no gramado do Centreventos. “Tenho dois netos que vão dançar”, contou, animada e confiante pela dupla vacinação.

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Noite de Abertura

O Corpo de Dança do Amazonas (CDA) abriu essa edição de outubro do festival, na noite desta quarta-feira (6). Na montagem, que levou o título de “TA”, o grupo trouxe os Tikunas, povo originário do Amazonas, para Joinville.

“Foi um momento muito bonito e emocionante, a volta do festival. A gente sentia e via a alegria dos bailarinos, que arrancaram muitas palmas da plateia”, conta o presidente Maurício Peixer (PL), que representou a Câmara na abertura. “O ponto alto foi a organização do evento, bastante gente circulando na feira, apesar do número limitado de público, que é obrigatório, o evento está sendo um sucesso”, relata.

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“É muito bom ver novamente a presença de bailarinos em nossa cidade. Foi emocionante ver o palco do Centreventos brilhar. A dança dá vida e a arte um novo fôlego que tanto precisávamos”, afirma o vereador Brandel Júnior (Podemos), que também esteve na abertura.“Parabéns aos envolvidos, organizadores, patrocinadores e bailarinos por perseverarem para que este evento voltasse a abrilhantar Joinville”.

O Festival de Dança vai até a próxima quinta-feira (14), no Centreventos Cau Hansen. Informações e o link para venda de ingressos estão disponíveis no site www.festivaldedancadejoinville.com.br.