Os membros da Comissão de Saúde, presidida por Kiko do Restaurante (PSD), discutiram com convidados nesta quarta-feira (3) a regulação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública de saúde. Vereadores relataram espera de até três dias por um leito na macrorregião onde Joinville está inserida, a Planalto Norte-Nordeste, que compreende 26 municípios e 1,3 milhão de pessoas.
“São casos que trazem desespero para a família”, afirmou o vereador Pastor Ascendino Batista (PSD). Segundo ele, após esperar por três dias pelo leito de hospital, uma idosa de Joinville acabou transferida para Rio Negrinho, a 91 km de Joinville. Sua família, contudo, sem dinheiro para visitá-la, acabou conseguindo uma vaga mais perto de casa.
O vereador Neto Petters (Novo), que sugeriu o debate, contou a história de uma jovem diagnosticada com câncer que ainda aguarda, sem informações, sua vez de fazer a cirurgia. O site listadeespera.saude.sc.gov.br, que mostra a fila de espera em Santa Catarina, deixou de exibir a posição dos pacientes. A necessidade de mais transparência foi uma cobrança do vereador na reunião.
O secretário municipal de Saúde, Jean Rodrigues da Silva, reconheceu que faltam leitos, mas disse que o município, que gasta 40% da receita com saúde, não tem mais recursos para criá-los. “Se tivéssemos leitos em quantidade, não tínhamos pessoas aguardando, e não haveria regulação [de leitos]”, afirmou.
A regulação dos leitos é feita pelo governo estadual e obedece a uma série de critérios, como a gravidade do paciente, e não leva em conta a distância da residência do paciente, por exemplo. Ela é baseada na Portaria do Ministério da Saúde de número 1.599, de 2008.
É uma equipe de médicos que decide para onde eles vão. A macrorregião de Joinville tem 24 hospitais.
A intenção é “trazer equidade” para o serviço, afirmou o coordenador da Macrorregional de Saúde do Estado, Thiago Furtado. “É melhor ele [o paciente] estar em Rio Negrinho do que estar em uma PA [Pronto Atendimento] desassistido”, disse Furtado, ressaltando entender as “mazelas” sociais, mas que é preciso assistir ao paciente em primeiro lugar.
Para o vereador Cassiano Ucker (Cidadania), que é médico, é preciso melhorar o fluxo entre Estado e município, diminuindo a espera do paciente.
Nessa mesma linha, o secretário de Saúde acredita que ser necessário fazer um monitoramento em tempo real das vagas, diminuindo o tempo que se leva para preenchê-las.
Criação de leitos
Sobre a reunião, Neto Petters disse que “ficou claro para mim que dois pontos são cruciais: o site, que neste momento não está funcionando, e que precisa voltar ao ar para as pessoas saberem quando vai ser a sua cirurgia; e o outro ponto é a capacidade, precisa de mais leitos de UTI”. Para ele, o Estado precisa planejar o aumento dos leitos.
Em resposta ao vereador Wilian Tonezi (Patriota), o secretário Jean Rodrigues disse que a expansão do Hospital Regional, que significaria o incremento de leitos, não avançou porque ninguém quer “bancar” a reforma.
Segundo o secretário, é preciso “otimizar” o que está disponível. Já existe dinheiro em caixa para reformar o Hospital Municipal São José, com objetivo de melhorar o Pronto Socorro e ampliar o número de leitos. A transformação de alas exclusivas de atendimento para Covid-19 em alas gerais também resultará em mais leitos.
Questionado pelo vereador Neto Petters, o coordenador Thiago Furtado disse acreditar que grande parte das UTI criadas para atender aos casos mais graves de covid-19 vão permanecer no sistema. Ele disse que estão analisando quais deixarão de ser exclusivas para a doença e quando isso acontecerá, uma vez que a pandemia ainda não terminou.