Uma pesquisa encomendada pela Prefeitura, apresentada nesta quarta-feira (28) a vereadores da Comissão de Urbanismo, apontou que 70% dos usuários do transporte coletivo de Joinville estão insatisfeitos com a lotação dos ônibus. A maioria também se mostrou insatisfeita com a qualidade dos abrigos. Em geral, no entanto, os usuários avaliam bem o sistema de transporte. A melhor avaliação, de 75%, é a dos motoristas.

Entre os usuários, cuja maioria é de mulheres (57%), 18,8% revelaram ter sofrido assédio. O questionário não determinava o tipo de assédio.

A pesquisa, feita no ano passado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômica (Fipe), com 2.039 usuários, nos terminais, é um dos produtos contratados pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) para a elaboração da licitação do transporte público. Os dados foram apresentados pelo gerente da Unidade de Transportes da Seinfra, Charlison Ribeiro.

Pelo menos 15% da população usam o transporte público, percentual bem abaixo dos 30% a 40% de outras cidades. E o uso vem caindo. Antes da pandemia, eram 140 mil passageiros por dia, e agora são 110 mil por dia, conforme o vereador Neto Petters (Novo). Um dos motivos foi a troca do ônibus por veículos individuais.

Com menos passageiros e aumento nos insumos do transporte acima da inflação, como do diesel, encareceu a tarifa e levou a Prefeitura a fazer aportes milionários no sistema. O desafio agora é reter e trazer pessoas, pontuou o gerente da Seinfra.

A Prefeitura trabalha numa licitação que deverá levar à melhoria do transporte, como a implantação de novos abrigos. O edital será lançado depois de ouvidas a população e o Tribunal de Contas do Estado (TCE), afirmou o secretário de Infraestrutura, Jorge Luiz Correia de Sá.Comissão de Urbanismo

Horários

O vereador Diego Machado (PSDB) relatou receber muitas reclamações sobre os horários dos ônibus. “Para trazer mais usuários, tem que ter mais horários, e talvez esse seja o pulo do gato dessa nova licitação”, opinou Machado.

O secretário esclareceu que todas as reclamações são analisadas e que não adianta criar várias linhas se elas são deficitárias, tirando recursos de outras áreas do governo. “Várias linhas foram criadas e ampliadas, porque são necessárias, mas outras seriam irresponsabilidade da nossa parte”, afirmou Correia de Sá.

Raio-x do transporte coletivo*

  • 57% dos usuários são mulheres
  • 20 a 39 anos é a idade da maioria
  • 18,8% já sofreram assédio
  • Renda média é de um a dois salários mínimos
  • 65% conhecem ou usam o aplicativo do sistema
  • Ensino médio é a escolaridade média
  • 5 dias por semana é a frequência média
  • Maioria usa o transporte público porque é a única opção

*Fontes: Fipe/Seinfra/Comissão de Urbanismo.