A valorização de pessoas com deficiência (PCD) no mercado de trabalho foi debatida pela Comissão de Cidadania nesta segunda-feira (31). Na reunião extraordinária, convidados reclamaram da falta de salários atrativos e que empresas joinvilenses abrem processos de contratação de PCD somente para cumprir uma obrigação legal.

Proponente do debate, Diego Machado (PSDB) disse que muitas empresas subestimam a capacidade das pessoas com deficiência. Diego considera que, para incentivar a inclusão, é necessário criar políticas para que empresas valorizem PCD, e não apenas façam contratações para preencher cotas. A lei de cotas para PCD, promulgada em 1991, estabelece que empresas com cem ou mais empregados devem preencher uma parte dos seus cargos com pessoas com deficiência.

Entre os convidados do encontro, Lucineia da Luz relatou que, apesar de estar feliz no atual emprego, já passou por dificuldades na busca por uma vaga como PCD em Joinville. Segundo Lucineia, o salário não é atrativo, gera desestímulo e favorece a pessoa com deficiência a optar por receber um benefício assistencial. Lucineia ainda contou que já vivenciou uma situação de receber uma oferta de emprego apenas para ocupar um posto de trabalho em uma empresa, sem ter atividades para exercer.

Há ainda casos de empresas que abrem processos de seleção de PCD sem ter a intenção de efetivar uma contratação. A coordenadora do Centro Público de Atendimento aos Trabalhadores (Cepat), Patrícia Sarli, chamou esses episódios de “vagas fakes”.

Segundo ela, há casos em que o Cepat encaminha até 40 PCD para entrevista e nenhuma é contratada. Na avaliação dela, há falta de capacitação dos gestores envolvidos nestes processos. “É preciso quebrar o paradigma do incapacitismo”, afirmou.

No entendimento de Alisson (Novo), as cotas na empregabilidade geram efeitos colaterais. Para ele, empresas buscam a contratação de quem tem a menor deficiência somente para não serem multadas. Para haver uma concorrência mais justa entre PCD e outros empregados, o parlamentar julga que é importante pensar em ações de longo prazo que reduzam as dificuldades para quem tem deficiência.

Brandel Junior (Podemos) também entendeu que empresas têm visão equivocada sobre PCD. O vereador sugeriu a realização de feiras das profissões para apresentar o caminho que há pela frente dentro de cada atividade.