A Comissão de Proteção Civil e Segurança Pública recebeu convidados na reunião nesta terça-feira (29) para o debate sobre o furto de fios de cobre em Joinville. Representantes de órgãos de segurança, da Prefeitura e da Celesc apresentaram panoramas sobre o tema e apontaram sugestões para coibir esse tipo de crime, que prejudica a população em geral.

Os vereadores Brandel Junior (Podemos) e Pastor Ascendino Batista (PSD) foram os proponentes do debate. Os parlamentares justificaram que o furto de fiação deixa as ruas sem iluminação e os semáforos, sem funcionar. Ascendino reforçou a importância de a comunidade registrar boletins de ocorrência para que órgãos de segurança possam agir.

O furto de fiação na rede pública, fora das residências, gera prejuízo financeiro à Celesc. O supervisor de manutenção da empresa, Eduardo Witt, contou que em 2021 a empresa contabilizou 65 quilômetros de fios de cobre furtados.

Até o momento em 2022, conforme os dados apresentados por Witt, a Celesc contabilizou mais 20 quilômetros de fiação furtada. Assim, desde o ano passado, a empresa soma o furto de 85 quilômetros de fiação. Para se ter uma ideia, essa é a distância aproximada entre Joinville e os municípios de Navegantes e Pomerode.

Segundo Witt, somente os furtos contabilizados desde o ano passado geraram para a empresa um prejuízo superior a R$ 1 milhão de reais, em materiais e mão de obra.

O comandante do 8° Batalhão de Polícia Militar, Celso Júnior, explicou que esse tipo de crime não é específico de Joinville; também impacta municípios de outras regiões do estado e do país. O comandante defendeu que a Polícia Militar faz a parte dela e efetua as prisões, mas os presos são soltos após um curto período.

Em tom de crítica à legislação, Celso Júnior citou que, de 40 autos de prisão em flagrante, de furto ou receptação de fiação, em 29 casos a prisão não ultrapassou dois dias. Segundo o policial, os outros 11 casos também não resultaram longo tempo de prisão. O comandante pediu apoio da comunidade para que haja mais mobilização nas denúncias.

Migração para os bairros

Os furtos de fiação não afetam somente o Centro de Joinville. Representante da Polícia Civil no encontro, o delegado Vinicius Ferreira disse que a bandidagem tem migrado para os bairros. Ele contou que a Polícia Civil tem concentrado os registros por áreas para facilitar as investigações.

Já o comandante do 17° batalhão de Polícia Militar, André Adams, que é responsável pela segurança pública de 18 bairros da zona sul de Joinville, contou que tem realizado operações com intensificação de policiamento na região.

O secretário de Proteção Civil e Segurança Pública (Seprot), Paulo Rigo, disse que a questão debatida na comissão também é uma preocupação da Prefeitura de Joinville e cobrou participação do Poder Judiciário no debate. Rigo analisou que há casos em que os envolvidos são pessoas doentes e, na opinião dele, precisariam de internação compulsória.

Moção

Diante das manifestações da Celesc e dos órgãos de segurança, a Comissão aprovou a elaboração e o envio de uma moção às comissões de segurança da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O objetivo da proposição é cobrar que os poderes legislativos federais avaliem a possibilidade de aumento das penas para os envolvidos nos crimes de furtos e roubos de fiação.

Convite

Além de defender a intensificação nas forças-tarefas, principalmente em locais que sejam considerados de receptação, Brandel Junior sugeriu que o juiz responsável pela 3ª vara criminal e de execuções penais da comarca de Joinville, João Marcos Buch, fosse convidado a participar de uma reunião da comissão. A intenção do parlamentar é entender os critérios para seleção dos presos que recebem “saidinhas” da prisão.

O convite proposto por Brandel foi aprovado. A comissão deliberou ouvir João Marcos Buch na próxima reunião ordinária, que está agendada para a última semana de abril.