A Comissão de Legislação debateu na tarde de ontem a criação de um núcleo de apoio pedagógico (NAP) para alunos com dificuldades de aprendizagem ou com altas habilidades, conhecidos também como superdotados. O Projeto de Lei 73/2014, de autoria do vereador Rodrigo Fachini, propõe que o NAP coordene ações municipais de educação inclusiva. Além disso, o órgão ficaria responsável por diagnóstico, exames, análise e tratamento educacional especializado a esses alunos.

Os representantes da Secretaria da Educação que estiveram na reunião entendem que o trabalho de identificação de casos de dificuldade de aprendizagem e de superdotação já é realizado. O secretário da educação, Roque Mattei, observou que a secretaria não pode realizar tratamentos porque isso caberia à Secretaria da Saúde. “O que a secretaria pode fazer é preparar os professores e funcionários das escolas para melhor identificar esses casos”, observou Mattei.

O secretário da educação, Roque Mattei, diz que a secretaria deve se ocupar da preparação dos professores para identificar os casos de alunos com dificuldades de aprendizagem ou com altas habilidades (superdotados)

Fachini observou que o Estado deve assumir a responsabilidade pelo tratamento para que pessoas que não tenham condições de arcar com os custos. Mattei reconheceu que é possível melhorar o atendimento. Secretário executivo da Secretaria de Governo, Luiz Claudio Gubert disse que a Secretaria da Educação precisa ajustar detalhes com as secretarias da saúde e da assistência social para um melhor atendimento a esses alunos.

Ficou definido que as três secretarias devem se reunir nos próximos dias para debater meios de agilizar o atendimento a esses alunos. Após a reunião das secretarias, a Comissão de Legislação voltará a debater o projeto de Fachini.

Atendimento atual

A secretaria está realizando uma reestruturação do atendimento aos alunos com dificuldades de aprendizagem ou com altas habilidades, conforme a gerente de ensino da Secretaria da Educação, Elisabet Staranschek. São atualmente cinco equipes de atendimento educacional especializado (AEE), divididas conforme necessidades regionais. Ao todo, 18 profissionais (4 terapeutas ocupacionais, 7 fonoaudiólogos e 3 psicólogos). O trabalho consiste na orientação de professores para conduzir a educação dos alunos que tenham dificuldades de aprendizagem.

Quando surge a suspeita de um aluno com algum tipo de deficiência intelectual, ele é encaminhado para o Núcleo de Assistência Integral ao Paciente Especial (Naipe), unidade da Secretaria da Saúde. No Naipe, eles passam pela triagem de uma equipe formada por psicólogo, médico e assistente social que determinará, conforme o caso, os próximos passos.

Mas o Naipe é especializado em atendimento à deficiência intelectual, e não a questões de dificuldade de aprendizagem, como é o caso de dislexias, disgrafias (dificuldade de acertar o formato das letras) ou disortografias (dificuldade no aprendizado da linguagem escrita). Todos os casos identificados na rede de educação são encaminhados ao Naipe, conforme a psicóloga Juliane Cristine Koerber Reis, que avalia casos de crianças entre 6 e 13 anos. São 130 crianças nessa faixa etária a espera de atendimento.

Um dos questionamentos dos vereadores na reunião foi quanto à possibilidade da contratação de mais especialistas para o Naipe. Juliane entende que outras unidades de saúde, que também contam com psicólogos e outros especialistas, poderiam assumir uma parcela do atendimento, desafogando a fila.

A espera é determinada por ordem de chegada. O atendimento é realizado em oito sessões, que compreendem avaliação conforme critérios do Conselho Federal de Psicologia.

Participação da academia

Juliane defende também a participação de instituições de ensino superior no debate, que podem trazer dados e conhecimento que auxiliem os vereadores em suas decisões.

Integração das esferas de governo

A psicóloga também entende que é preciso uma integração maior das esferas federal, estadual e municipal no atendimento aos jovens com dificuldade de aprendizados ou com superdotação.

Superdotação

Conforme Mattei, o atual sistema identificou em torno de cem casos de superdotação na rede municipal de ensino nos últimos dois anos.

Foto de Sabrina Seibel

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui