A convite da Comissão de Saúde da Câmara, a secretária municipal de Saúde, Tânia Eberhardt, foi ouvida por dez vereadores nesta quarta-feira (10), no plenarinho, sobre os problemas enfrentados pelos joinvilenses nas últimas semanas, principalmente devido à epidemia de dengue. 

“A gente sabe o momento que estamos vivendo, não só em Joinville, mas no Estado e no Brasil, é um momento delicado”, afirmou o presidente da comissão, Brandel Junior (PL). A cidade vive uma epidemia de dengue. Só este ano, cerca de 10 mil casos foram registrados, e 15 pessoas morreram.

A secretária afirmou que as unidades de pronto-atendimento, as UPAs e os PAs, não estão preparadas para pandemias, porque pandemias “são coisas novas no nosso radar”, desde a Covid-19. Segundo Tânia, um novo PA está em construção na Zona Sul, com quatro andares, sendo que um deles será preparado para pandemias. Tânia falou da dificuldade das compras no sistema público de saúde e que é difícil vencer essa “burocracia cotidiana”.

A secretária relatou que as 54 unidades básicas de saúde, de atenção primária, foram abertas para atender pacientes com dengue, e que 70% dos usuários são classificados com dengue do tipo A  – existem também os tipos B, C e D. Todos os profissionais de saúde foram capacitados para atendê-los. Das 54 unidades, 21 passaram a atender até mais tarde. Nas unidades sentinelas, os pacientes são encaminhados para exames e recebem hidratação (soro na veia). Depois, os usuários são monitorados via telemedicina. Desde janeiro, foram feitos cerca de 9 mil atendimentos dessa forma. 

“Isso tudo era para reduzir a demanda dos pronto-atendimentos, para aliviar a pressão dos PAs 24 horas”, explicou Tânia. Sem isso, cerca de 13 mil pessoas estariam nas UPAs, que não têm capacidade de atendimento. 

A secretária reconheceu que há filas de até seis horas para atendimento, mas que Joinville está “oferecendo acesso a todo o paciente [com dengue dos tipos] A e B”. Disse ainda que abril terá números mais altos de atendimentos, que já somaram 10 mil nos primeiros oito dias deste mês. 

Os pacientes com tipos C e D acabam internados, em geral. Em Joinville, 45% das internações têm como causa a dengue.

Foram contratados mais 45 agentes de combate a endemia, pagos pelo Ministério da Saúde. Cerca de R$ 1 milhão foi enviado pela União para ser usado no combate à dengue. O dinheiro é usado para compra de insumos, por exemplo. A secretária comentou que os sais estão em falta, mas o soro, não.

Tânia Eberhardt fala a vereadores e público na Comissão de Saúde/Mauro Schlieck/CVJ

Vacina em baixa

Oito postos passaram a ser abertos aos sábados para vacinação, que está com baixa procura, atingindo cerca de 20% do público-alvo. 

Hospital de campanha 

Em resposta aos vereadores Cristovão Petry (PT) e Pelé (MDB), a secretária Tânia disse que a Central de Hidratação na UBS do bairro Glória funciona exatamente como um hospital de campanha, com 40 leitos. 

Além disso, há leitos num espaço privado de saúde que já chegaram a receber 30 pacientes com dengue. “Ou seja, nós temos hoje dois hospitais de campanha no município”, disse Tânia. 

Primeiro vereador a falar, Wilian Tonezi (PL) disse achar que a secretária não tem respaldo dentro da Prefeitura para solucionar problemas, e que o combate ao mosquito aedes aegypti não tem dado resultado. A secretária respondeu não se sentir “desamparada”, que está respaldada, e que o sistema é burocrático.

Áudio

O vereador Cleiton Profeta (PL) disse ter recebido denúncias de falta de médico pediatra e que, depois disso, visitou Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Ele disse ter observado problemas básicos que não são falta de dinheiro. Profeta cobrou desculpas da secretária sobre um áudio do WhatsApp em que ela fala em “colapso” na saúde.

Tânia disse que não pediria desculpas, que não foi irresponsável, e que, jamais tiraria dos vereadores a condição de fiscalizarem. Explicou que, no final de semana em que gravou o áudio, pessoas entraram sem autorização no PA Norte, abrindo portas, numa “situação muito difícil”. 

“Essa fotografia, do fato que ocorreu no Hospital Infantil, já era uma situação para ser chamada de colapso, onde as pessoas começaram a se agredir”, disse Tânia, “aí eu recebo a informação que um vereador teria entrado e dito algumas palavras pesadas para a recepcionista. Eu paro meu carro, depois de ter ouvido uma servidora chorando, e passo uma mensagem pedindo paciência, mas que não admitam que um vereador faça isso com vocês”.

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